As clínicas de fertilidade começaram a contactar os dadores de óvulos e esperma depois de o Tribunal Constitucional ter chumbado algumas normas fundamentais da lei da gestação de substituição, incluindo o anonimato destes dadores, noticia o Diário de Notícias. A grande maioria das mulheres contactadas pelas clínicas IVI aceitaram quebrar o anonimato, mas a grande maioria dos homens não. Já os novos dadores, homens e mulheres, aceitam que a doação não seja anónima.

Se os dadores portugueses não estiverem disponíveis para quebrar o anonimato ou para fazer a doação segundo as novas regras, as clínicas de fertilidade podem ter de recorrer a material doado estrangeiro. A clínica de fertilidade Cemeare costumava importar esperma de Espanha, mas como neste país o anonimato é obrigatório terá de procurar outro fornecedor. O Diário de Notícias indica que a opção mais viável será a Dinamarca.

Também na Cemeare, as mulheres estão mais disponíveis para quebrar o anonimato que os homens. Mas a Ferticentro tem uma experiência diferente. Ali, 75 % dos homens — e todas as mulheres — aceitam quebrar o anonimato. “A maioria dos doadores são universitários, com um nível de instrução elevado. Estão mais sensibilizados para colaborarem com a ciência e percebem que não terão quaisquer responsabilidades futuras com as crianças”, disse Vladimir Silva, diretor clínico.

“Faz mais sentido que o doador seja anónimo, não só para proteger a família de quem vai receber a doação como a de quem doa. A criança vai identificar-se com quem a cria”, disse Márcia Santana que iniciou um processo de procriação medicamente assistida em Portugal e que neste momento tem um embrião congelado à espera de ser implantado.

Mas o Tribunal Constitucional recomendou que as clínicas suspendessem os processos cujos doadores não quisessem quebrar o anonimato ou que não pudessem ser contactados. No caso de Márcia Santana, o óvulo é seu, mas não há forma de contactar o dador de esperma.

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