A terceira edição da ARCOlisboa abre ao público nesta quinta-feira mas, como é hábito, a inauguração para profissionais acontece mais cedo. Teve lugar nesta quarta-feira a visita de colecionadores particulares e representantes de museus, especialmente convidados pela organização e pelas galerias presentes na feira. É um dos melhores dias de negócio, confirmaram ao Observador alguns participantes.

Também os políticos marcaram presença, para a cerimónia de abertura. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que a ARCO se está a consolidar na capital “num momento que não é ocasional”, referindo-se a um novo clima económico. “Esta experiência deu certo à terceira edição”, sublinhou.

Não faltaram o secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, e o presidente da Câmara, Fernando Medina. O autarca anunciou a criação de um “fundo de aquisições” de obras de arte, sem precisar o montante, “para dar um sinal claro aos galeristas e artistas”. 

A Feira Internacional de Arte Contemporânea de Lisboa decorre no edifício da Cordoaria Nacional, na Avenida da Índia, até domingo, dia 20, e os bilhetes custam 15 euros por pessoa. O horário é de quinta a sábado, das 14h00 às 21h00, e domingo, do meio-dia às 18h00.

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O público pode apreciar, ou comprar, obras de centenas e centenas de artistas plásticos e visuais: pintura, fotografia, instalação, escultura e vídeo. A organização escolheu 50 galerias para estarem no Programa Geral, ou seja, para terem maior destaque no corpo central do edifício da Cordoaria – em stands brancos de paredes altas. Na secção Opening, para projetos com menos de oito anos de existência, têm lugar 12 galerias, escolhidas pelo curador João Laia. Ao todo, 72 galerias, o que representa um crescimento face às 58 de 2017 e às 45 de 2016. Portugal e Espanha são os países mais representados, com 29 e 22 galerias, respetivamente. O Brasil tem seis galerias. Itália, França, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Áustria, Polónia, Rússia, EUA, Colômbia e Argentina são os restantes países com representação.

Das muitas obras à venda, o Observador escolheu 20 que podem ser consideradas surpreendentes e cujas imagens estão na galeria no topo desta página.

Concorrência da Just LX

Este ano, pela primeira vez, a ARCO terá concorrência de uma outra feira, a Just LX, no Museu da Carris, com organização da empresa espanhola Art Fairs. Ainda assim, são esperados 10 mil visitantes, número idêntico ao do ano passado.

A Just LX está, aparentemente, distante das preocupações de alguns galeristas. Guillermo Carreras, gerente da Carreras Mugica, uma galeria de Bilbao que este ano se estreia em Lisboa, disse ao Observador que desconhecia a realização de uma feira paralela.

O diretor da ARCO, Carlos Urroz, qualificou a Just LX como um evento “muito respeitável” e indicativo de que Lisboa “é um mercado muito apetecível”. “Todas as grandes feiras de arte têm outras feiras-satélite”, lembrou.

A ARCOlisboa é organizada pela IFEMA – Institución Ferial de Madrid, a mesma que gere a ARCOmadrid desde há 37 anos. A seleção das galerias foi feita por Carlos Urroz, e por quatro galeristas: Juana de Aizpuru (Madrid), Nuno Centeno (Porto), Cristina Guerra (Lisboa) e Giorgio Persano (Turim).

Quarta ao fim da tarde registou-se um considerável número de visitantes profissionais. E para muitos foi surpreendente, num dos pátios do edifício, constatar que a zona de restauração e descanso consiste numa estrutura de madeira e metal atravessada por tecido dourado, a fazer lembrar velas de navio. “Viaticus”, assim se chama, foi criada pelo Atelier JQTS, liderado pela dupla João Quintela e Tim Simon, vencedores de um concurso organizada pela ARCO e pela Trienal de Arquitetura de Lisboa. A estrutura parece derivar do projeto “Pavilhão – Gallery”, que a mesma dupla mostrou em São Miguel no festival Walk & Talk 2017.

Projeto do atelier JQTS

Câmara mostra aquisições

Do extenso programa da ARCOlisboa destaca-se ainda a apresentação de 10 novos projetos artísticos individuais no Torreão Poente da Cordoaria, enquanto no Torreão Nascente a Câmara de Lisboa promove a exposição coletiva “Campo de Visão”, de entrada livre, com as obras que o município comprou na ARCOlisboa em 2016 e 2017 e nas quais despendeu cerca de 150 mil euros.

Ainda no Torreão Nascente, a crítica Isabel Carlos conduz o Fórum de Colecionismo, espaço de conversa e debate que, por exemplo, na sexta-feira, às 16h00, terá um painel com o empresário e colecionador Paulo Pimenta e a empresária e responsável pelo Centro de Arte Quetzal Inge de Bruin.

Em paralelo, galerias da cidade associam-se à ARCO e promovem nos próximos dias visitas especiais a exposições recentemente inauguradas. São as “Gallery Walks”. Já nesta quinta-feira, entre as 10h00 e as 13h00, na zona do Beato, estão abertas as galerias Baginski, Bruno Múrias, Francisco Fino, Filomena Soares e Underdogs. Os museus também se juntam à programação paralela da ARCO e neste capítulo ganham protagonismo as duas exposições de Gary Hill e Susana Mendes Silva, hoje inauguradas no MAAT, Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.