Todos gostamos de ser os favoritos de alguém, especialmente de pessoas que são tradicionalmente apontadas como a referência em qualquer coisa boa. Já ser o favorito de uma personagem polémica como o actual Presidente dos EUA pode ter vantagens, mas certamente terá os seus inconvenientes.

A maior parte dos CEO dos principais construtores espalhados por esse mundo fora tem uma relação amor/ódio com o Presidente dos EUA. Tudo porque num dia ele ameaça perseguir fiscalmente quem desloca para o estrangeiro as fábricas dos veículos que quer vender na América, para no dia seguinte ameaçar com impostos similares àqueles com que os carros americanos são taxados à entrada da Europa ou da China, os automóveis originários desses continentes com destino aos EUA. Mas o que mais preocupa os CEO, inclusivamente os das empresas americanas como a General Motors, Ford e Fiat Chrysler Automobiles (FCA), é o carácter volátil das decisões do Presidente, o que torna o negócio imprevisível. E isso é a maior dor de cabeça para quem dirige uma empresa deste tipo.

Recentemente, num período em que Trump está sob ataque por ter mandado às ortigas o “standard das emissões dos veículos nos EUA” que Obama tinha aprovado, no que já conta com a oposição de estados como a Califórnia, a Detroit Free Press informou que, numa reunião com CEO de diferentes fabricantes, Trump apontou Sergio Marchionne como o “seu favorito”. A reunião decorreu na sala Roosevelt, da Casa Branca, na presença de Mary Barra da GM, Jim Hackett da Ford e Sergio Marchionne da FCA, com Trump a afirmar que as emissões mais apertadas poderiam prejudicar a indústria americana, e a revelar que o que ele preferia mesmo era que “mais fabricantes produzissem mais carros no Michigan, em vez de importá-los de outros países”, numa referência óbvia ao México.

Foi exactamente nesta fase, depois de realçar a importância de criar mais postos de trabalho e riqueza nos EUA, que Donald Trump confessou que “Marchionne é o meu CEO favorito desta sala”. Não que exista uma relação particularmente próxima entre o criativo executivo italiano que resgatou a Fiat e a Chrysler, mas porque este anunciou dias antes que a FCA iria ampliar a capacidade de produção do grupo no Michigan – berço da indústria automóvel americana e onde Trump foi buscar (e ainda tem) muito do suporte que lhe permitiu vencer as eleições –, o que deste logo o fez cair nas boas graças do Presidente.

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