O Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) assegurou esta quinta-feira que os utentes do Hospital de São José não vão ser prejudicados pelo recurso à telerradiologia, salientando, contudo, que esta é uma “solução limitada e transitória”.

Na quarta-feira, a Ordem dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos denunciaram que o Hospital de São José, em Lisboa, vai deixar de ter, a partir de 1 de junho, um médico radiologista no local durante o período noturno.

Numa resposta enviada à agência Lusa, o CHLC lembrou que o recurso à telerradiologia “é comum nos hospitais”, quer em Portugal, quer internacionalmente, tratando-se de uma “boa prática de recursos humanos para a tarefa de produção de relatórios de imagiologia”. “Não há prejuízo para os utentes nem quaisquer perdas de tempo ou qualidade face aos relatórios de exames produzidos pelos médicos residentes”, é referido.

Para o CHLC, a “solução tem, no entanto, de ser limitada e transitória, o que acontece neste caso, na medida em que a telerradiologia só ocorre das 00h00 às 08h00, período em que o número de exames é reduzido”. De acordo com a nota, no restante horário, os exames e respetivos relatórios são assegurados pelos radiologistas do CHLC.

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O CHLC realça que na sua prática clínica, nomeadamente no atendimento urgente, os médicos consultam os exames solicitados e, complementarmente, os relatórios produzidos por especialistas. Segundo o CHLC, estes relatórios podem ser realizados por médicos do CHLC ou recorrendo a serviço exterior. “Além do cumprimento rigoroso de prazos, os profissionais que executam no exterior os relatórios de exames ficam disponíveis, por contrato, a prestar todos os esclarecimentos adicionais que forem considerados necessários pelos colegas prescritores”, é ainda referido.

Na quarta-feira, Alexandre Valentim Lourenço, do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, disse à Lusa que “segundo um despacho interno, a radiologia e neurorradiologia, entre as 00h00 e as 8h00, vão ter técnicos a efetuar os exames, que depois vão ser avaliados por um médico via telemedicina”. “Durante este período não estará um radiologista no local”, disse à Lusa Alexandre Valentim Lourenço.

Este representante da Ordem esteve na quarta-feira à noite a fazer uma visita ao hospital de São José, referindo que esta é uma decisão “impensável de ser tomada”, num hospital que tem uma das maiores urgências do país.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM), em comunicado, também condena a situação prevista, salientando que pode “pôr em risco os doentes e a potenciar a possibilidade de erro médico”.