O reitor da Universidade Fernando Pessoa, Salvato Trigo foi esta sexta-feira condenado a uma pena suspensa de um ano e três meses de prisão, pelo crime de desvio de mais de dois milhões de euros da instituição privada para benefício próprio e da sua família.

O julgamento teve início em outubro de 2017 e decorreu à porta fechada. A acusação explica que o reitor terá desviado dinheiro para uma empresa cujos sócios são a mulher e os dois filhos – a sociedade Erasmo -, depois de organizar diversos esquemas para produzir elevadas quantias de dinheiro através da fundação que detém a universidade.

Segundo o Ministério Público, era a sociedade Erasmo quem recebia as rendas relativas ao aluguer das instalações pertencentes à Universidade Fernando Pessoa, como por exemplo a exploração de dois bares/cantinas da universidade, avança o jornal Público. Anualmente, as entidades que exploravam esses espaços entregaram mais de 50 mil euros à empresa liderada pela família de Salvato Trigo. Entre 2006 e 2010 foram totalizados cerca de 290 mil euros.

Além das rendas, também o reembolso feito pelos empresários relativamente a despesas de gás, eletricidade, limpeza e telefone dos bares ia parar às mãos da Erasmo, com um total de 56 mil euros.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em Janeiro deste ano, o reitor, através de um email dirigido aos professores, alunos e funcionários da Universidade Fernando Pessoa, afirmou que as acusações eram falsas. “Completamente falso que eu tenha alguma vez desviado fundos ou cometido qualquer outro crime e disso tem estado a ser feita prova documental e testemunhal no julgamento a decorrer”, lê-se no email.

Reitor da Fernando Pessoa julgado por desvio de três milhões em benefício próprio

“Infelizmente, o Ministério Público acreditou nas denúncias inteiramente falsas do ex-TOC da Fundação [Fernando Pessoa], que por ter sido demitido por mim com toda a justificação, resolveu vingar-se e pôr em causa a minha administração da Fundação que ele, aliás, como membro também do seu Conselho Fiscal, sempre aprovou com louvores exarados em livro de atas”, relatou.

Esta não é a primeira vez que Salvato Trigo é condenado. No final dos anos 90, o reitor foi condenado a dez meses de prisão pelo desvio de subsídios do Fundo Social Europeu, quando era diretor da Escola Superior de Jornalismo do Porto.