Centenas de caravelas-portuguesas estão a dar à costa em várias ilhas de Cabo Verde, um fenómeno que regista maior incidência nos últimos tempos fruto do aumento da temperatura dos oceanos, segundo a associação ambientalista cabo-verdiana Biosfera I.

“Nesses últimos meses, chegaram mesmo centenas de caravelas-portuguesas às ilhas de Santa Luzia e São Vicente. Os banhistas tiveram de tomar bastante atenção, soubemos de muitos casos de pessoas que entraram em contacto com esses animais e que ficaram feridas”, disse Tommy Melo, presidente da Biosfera I, à agência Lusa.

Segundo Tommy Melo, a espécie aquática parecida com a alforreca tende a surgir nas praias cabo-verdianas com o aumento da temperatura dos oceanos.

“Neste caso, não é algo que possamos dizer que seja inédito em Cabo Verde. Às vezes fatores climáticos e diferencial de maré fazem com que elas cheguem à costa”, prosseguiu.

O presidente da associação não-governamental de defesa do ambiente Biosfera I, criada em 2006, alertou as pessoas a tomar cuidados, uma vez que são animais “extremamente urticantes”.

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“A população tem de ter cuidado ao se banhar em praias que estejam infestadas desses indivíduos”, prosseguiu, alertando em especial às pessoas com risco alérgico, porque o contacto com esse animal pode até levar à morte.

Segundo a Autoridade Marítima Nacional (AMN) portuguesa, a caravela-portuguesa é um organismo de nome científico ‘Physalia physalis’ e que vive na superfície do mar graças ao seu flutuador cilíndrico, azul-arroxeado, cheio de gás, cujos tentáculos podem atingir os 30 metros, sendo o seu veneno muito perigoso.

Num alerta sobre o surgimento do animal na costa do Algarve no mês passado, a organização acrescentou que os efeitos da picada daqueles organismos marinhos resultam em “dor forte, sensação de queimadura, irritação, vermelhidão, inchaço e comichão”.

A ANM indica ainda que “algumas pessoas, especialmente as sensíveis às picadas e venenos das águas-vivas, podem ter reações alérgicas graves, como falta de ar, palpitações, cãibras, náuseas, vómitos, febre, desmaios, convulsões, arritmias cardíacas e problemas respiratórios”.

No caso de haver contacto com a caravela-portuguesa, prosseguiu, as pessoas devem evitar esfregar a zona atingida, não usar água doce, álcool ou amónia, lavar com soro fisiológico, retirar os tentáculos (caso tenham ficado agarrados à pele) utilizando luvas ou uma pinça de plástico e aplicar vinagre, bandas ou água quente, para aliviar a dor, e consultar assistência médica o mais rapidamente possível.