Joaquim Manuel Sampaio da Silva. Ou só Quim. 42 anos, não tarda são 43. Durante o campeonato foi o suplente de Adriano Facchini a maior parte das vezes. Raramente titular. Mas José Mota entregou-lhe a baliza no Estádio Nacional. Para a despedida. Quim sabia que seria a despedida. E explicou-o na antevisão da final. Do final. “Sinceramente, sei que um dia isto tudo vai acabar, tenho de ter a consciência disso. Não sei o dia de amanhã. Tudo é possível. Mas seja a jogar ou não, o meu futuro com certeza passará pelo futebol”.

Às 17h15, quando entrou no relvado, tornou-se no jogador mais velho a fazê-lo numa final da Taça, superando Mello, que disputou a final com o Estrela da Amadora em 1990 com 40 anos. Quim venceria (e ergueria, enquanto capitão avense) a Taça. E não só a venceria como foi, a par de Guedes, o autor dos golos, o melhor da tarde, impedindo em diversas ocasiões o golo do Sporting. No final, não falava já em tom de despedida mas com o tom de quem tem ainda fome disto. “Vou ter que conversar com os responsáveis do Desportivo das Aves. Mas neste momento sinto-me bem. Ficou provado hoje que ainda estou em condições para jogar e para ajudar a equipa. Quando sentir que estou a ‘arrastar-me’, como se costuma dizer, então deixarei de jogar.”

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Internacional, presente em várias fases finais, dois Europeus e um Mundial, Quim acumulou títulos nacionais. Duas ligas, duas Taças Liga. Esta foi a sua primeira Taça de Portugal. Curiosamente, alguns destes títulos foram conquistados tendo Jorge Jesus como treinador, treinador que abdicaria certo dia de Quim no Benfica, regressando o guarda-redes ao Braga. Vingança? “Não”, atirou de pronto. “Hoje venci. Mas ele [Jesus] é o treinador com quem fui campeão nacional.”

O segredo da inédita vitoria deste domingo, garante Quim, esteve no respeito pelo Sporting, pelo que o Sporting viveu durante a semana. “Sabíamos que o nosso adversário tinha passado uma semana difícil. Mas tentámos encarar o jogo como um jogo normal, sempre respeitando o Sporting. Encarámos o Sporting como uma equipa de grande valor. Mas fomos mais fortes e vencedores justíssimos.”

Para o ano, havendo Quim, haverá Quim na fase de grupos da Liga Europa, fruto desta vitória no Jamor. Não é só este país que é para “velhos”. Toda a Europa o pode vir a ser.