Já são conhecidas as medidas de coação para os 23 adeptos detidos após o ataque à Academia de Alcochete. Os suspeitos vão ficar em prisão preventiva enquanto aguardam julgamento, decretou esta tarde o juiz de instrução criminal do Tribunal do Barreiro. O anúncio foi feito em comunicado enviado aos jornalistas presentes no tribunal. A advogada de um dos arguidos, Maria João Mata, disse estar “chocada e indignada” com a decisão e afirmou que “nunca” foi mencionado o nome de Bruno de Carvalho no processo.

Com o que consta no processo, é inacreditável colocar todos os arguidos no mesmo espaço. Ser igual para os 23 arguidos… a maioria são jovens. Acho que a mão foi muito pesada”, afirmou a advogada, dizendo ainda não perceber como é possível “estar numa sala de audiência a ouvir o despacho enquanto os órgãos de comunicação sociais” já conheciam a decisão.

A prisão preventiva como medida de coação foi decidida devido “à natureza dos ilícitos em causa e à visibilidade social que a prática dos mesmos implica, considerando principalmente o aumento do número e gravidade dos crimes associados ao fenómeno desportivo”. Os perigos de fuga, continuidade da atividade criminosa e perturbação de inquérito também foram referidos na medida pedida pelo Ministério Público e aplicada agora pelo poder judicial.

Há aqui miúdos que ainda ontem estavam a ser ensinados pelos pais a atar os ténis“, queixou-se o advogado Nuno Loureiro Coelho, que representa dois dos arguidos. Este lamentou ainda ter sido aplicada “a medida mais gravosa” aos 23 suspeitos, a maioria com idades entre os 19 e 26 anos. “Podiam ser aplicadas outras medidas”, referiu. Por exemplo? “Afastá-los [aos arguidos] das competições desportivas”. Este advogado, contudo, recusou-se a esclarecer se o nome de Bruno de Carvalho foi mencionado.

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Os 23 arguidos estão indiciados pelos crimes de ameaça agravada, introdução em lugar vedado ao público, ofensa à integridade física qualificada, dano com violência, sequestro, detenção de arma proibida, resistência e coação sobre funcionário, terrorismo e incêndio florestal. À entrada do Tribunal do Barreiro, foi necessária a criação de um cordão policial devido aos ânimos exaltados entre os familiares dos detidos, que terão acusado a comunicação social presente de mentir nas notícias difundidas.

Arguidos disseram ao juiz que só queriam ir falar com os jogadores. Mas que o caso se descontrolou

Na terça-feira à tarde, um grupo de cerca de 50 adeptos do Sporting — muitos alegadamente ligados à maior claque do clube, Juventude Leonina, alguns alegadamente ligados a um grupo violento de adeptos, os casuals — invadiu a Academia de Alcochete, agredindo jogadores e elementos da equipa técnica do futebol do Sporting, entre eles Jorge Jesus, Bas Dost, Fredy Montero, Marcos Acuña e Rodrigo Battaglia.

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Dada a ligação de vários dos suspeitos à maior claque do Sporting, Juventude Leonina, o clube decidiu entretanto retirar todos os benefícios concedidos a este grupo organizado de adeptos.