O advogado de Donald Trump, Rudy Giuliani, anunciou que o procurador-especial Robert Mueller propôs terminar a fase de inquérito da investigação ao Presidente por obstrução da justiça até ao dia 1 de setembro, a fim de evitar um efeito de contágio às eleições para o Congresso, marcadas para novembro. Em troca, diz o advogado, Trump teria de conceder uma entrevista aos investigadores.

As declarações foram feitas por Giuliani ao New York Times este domingo, garantindo que a oferta foi feita há cerca de duas semanas. Segundo o advogado, o próprio procurador não está interessado em passar por uma situação semelhante à das últimas eleições presidenciais, quando a reabertura à investigação dos emails de Hillary Clinton provocou acusações de interferência por parte do FBI. O gabinete de Robert Mueller, de acordo com o Times, não quis comentar as alegações de Giuliani.

“Não se quer uma repetição da eleição de 2016, quando no final havia notícias contrárias e não sabemos como isso afetou a eleição”, declarou o antigo presidente da câmara de Nova Iorque, que se juntou recentemente à equipa legal de Trump depois de dois dos seus advogados se terem afastado. “Perguntámos-lhes: se formos entrevistados em julho, quanto tempo temos até o relatório ser divulgado?’. Eles disseram até setembro, o que é bom para todos, porque ninguém quer arrastar isto até às eleições para o Congresso”, acrescentou Giuliani à Associated Press.

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As declarações do novo advogado do Presidente são uma tentativa de pressionar publicamente o procurador-especial a cumprir a data, explica o Times, ao mesmo tempo que serve para acalmar Trump ao garantir que a fase de inquérito se aproxima do fim. Recorde-se que as declarações de Giuliani surgiram apenas horas depois do Presidente ter feito uma série de tweets onde acusava diretamente o FBI de estar a agir com motivações políticas — e onde, à semelhança do seu advogado, aludiu à possibilidade de a investigação prejudicar os republicanos nas eleições.

As sondagens dão conta de que os democratas seguem à frente na corrida para o Congresso, como conta a CNBC, mas essa vantagem tem vindo a reduzir-se.

Nas entrevistas que concedeu aos media, Giuliani aproveitou ainda para atacar James Comey, o antigo diretor do FBI que se demitiu acusando Trump de estar a tentar dificultar a sua investigação à equipa do Presidente por possível conluio com os russos — e cujo afastamento levou o procurador-especial a acusar o Presidente de obstrução da justiça. “Queremos que isto se concentre na credibilidade do Comey versus a do Presidente”, disse Giuliani. “Acho que aí ganhamos e as pessoas percebem isso.”

A investigação a Trump por obstrução da justiça, contudo, é apenas uma pequena parte da investigação de Mueller à interferência russa nas eleições de 2016. Ao todo, 17 pessoas já foram acusadas, tendo cinco delas declarado ser culpadas. Entre elas estão um antigo conselheiro do Presidente na Casa Branca (Michael Flynn), um antigo membro da campanha presidencial (George Papadopoulos) e o sócio do ex-diretor de campanha Paul Manafort (Rick Gates).