As Nações Unidas reviram em baixa a previsão de crescimento de Moçambique para 3,4% neste e no próximo ano, o que compara com a previsão anterior, de 3,8% este ano e 3,9% em 2019. Em Moçambique, as baixas perspetivas de uma resolução rápida do problema da dívida, bem como a continuação de instabilidade política entre os maiores partidos, traduz-se num baixo nível de investimento e procura doméstica, o que conduz a uma deterioração das perspetivas no curto prazo pelo que o PIB em 2018 e 2019 foi revisto em baixa para 3,4%”, disse à Lusa a analista de assuntos económicos com o pelouro de África nas Nações Unidas.

Anteriormente, a ONU antecipava um crescimento de 3,8% este ano e de 3,9% no próximo ano, bem abaixo da média histórica da última década, mas ainda assim acima das previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa uma expansão económica de 3% este ano e de 2,5% em 2019.

Helena Afonso acrescenta que a partir do próximo ano “é esperada uma recuperação económica mais robusta com desenvolvimentos modestos na indústria do gás”, mas alerta que, até lá, “é provável alguma consolidação orçamental”. Moçambique, explicou, tem “uma quantidade de dívida insustentável e incapacidade para resolver o incumprimento financeiro da dívida pública e empréstimos a empresas públicas”, por isso, conclui, “o acesso a financiamento externo encontra-se muito limitado”.

Adriano Maleiane fez na semana passada um ponto de situação sobre o quadro da dívida pública de Moçambique, quando falava na Assembleia da República em resposta a perguntas dos deputados sobre o assunto. “O Governo não está a pagar a dívida comercial e sindicada garantida, cujo ‘stock’ é de 1.859 milhões de dólares (1.575 milhões de euros), estando no momento em negociação a sua restruturação”, declarou então Maleiane. A conclusão das negociações com os credores, prosseguiu, vai contribuir para melhorar a classificação da dívida e os seus rácios de sustentabilidade, declarou.

O ministro da Economia adiantou que o país tem estado a pagar regularmente o serviço da dívida externa multilateral e bilateral, bem como a doméstica, tendo desembolsado 217 milhões de dólares no ano passado (183 milhões de euros).

No total, a dívida pública externa de Moçambique ascendia a 10,6 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros) em 2017 e a dívida pública interna ultrapassou 100,5 mil milhões de meticais (1,4 mil milhões de euros), acrescentou. A dívida comercial garantida pelo Estado em relação à qual o país está em incumprimento diz respeito às chamadas “dívidas ocultas”, descobertas em 2016.

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