O novo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, utilizou o seu primeiro discurso desde que ocupa o cargo para se dirigir ao Irão, fazendo uma série de ameaças e exigências. “O regime iraniano tem de saber que isto é só o início”, alertou o ex-diretor da CIA esta segunda-feira, menos de duas semanas depois de o Presidente Donald Trump ter anunciado a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão.

Num discurso no think tank conservador Heritage Foundation, Pompeo ameaçou os iranianos com “as sanções mais fortes da História”. “Vamos aplicar uma pressão financeira sem precedentes ao regime iraniano. Os líderes em Teerão não terão dúvidas sobre quão sérios estamos sobre isto”, afirmou o secretário de Estado.

A única forma de evitar essas sanções, disse Pompeo, é se o Irão cumprir uma lista de exigências “bastante longa”, mas com “requisitos mínimos”. Em primeiro lugar, os EUA exigem que Teerão declare quais foram os seus programas nucleares passados e que dê “acesso total” a todos os locais onde pode ser produzido armamento nuclear. “Se recomeçarem o programa nuclear, os problemas vão ser maiores. Problemas maiores como eles nunca antes tiveram”, ameaçou Pompeo.

A promessa de mais sanções surge depois de os Estados Unidos terem abandonado o acordo nuclear com o Irão, acertado não só com Teerão, mas com a União Europeia, a Alemanha e os outros membros do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Reino Unido e França). Atualmente, apenas os EUA estão de fora do acordo, que têm proposto um “novo acordo mais abrangente”, não especificando no entanto como pode ser possível convencer todos os intervenientes a aceitar as mudanças.

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“Vamos encontrar os operativos iranianos e esmagá-los”

Em segundo lugar, o secretário de Estado fez uma série de exigências relativamente à ação do Irão no Médio Oriente. Pompeo pediu “o fim do apoio ao Hezbollah, ao Hamas e à Jihad Islâmica Palestiniana” e exigiu a Teerão que páre com “o seu comportamento ameaçador relativamente aos vizinhos, incluindo as ameaças de destruir Israel e os ataques à Arábia Saudita”.

Caso o Irão não ceda a estas exigências, os norte-americanos serão implacáveis: “Vamos encontrar os operativos iranianos e os procuradores do Hezzbollah a operar em todo o mundo e vamos esmagá-los.” “O Irão nunca mais terá carte blanche [carta branca] para dominar o Médio Oriente”, prometeu.

Pompeo referiu-se ainda aos protestos que abalaram o Irão há alguns meses e solidarizou-se com o “povo iraniano”, que diz esta “profundamente frustrado”. “As pessoas estão zangadas com um regime que guarda para si o que rouba ao povo”, disse, acrescentando que os EUA “estão ao lado do povo iraniano”.

Como prova disso, o secretário de Estado quis sublinhar que os Estados Unidos estão disponíveis para conceder benefícios ao Irão se este estiver disponível a corresponder às exigências e acrescentou que os EUA não têm preconceitos em negociar com antigos inimigos. “Basta olharem para a nossa diplomacia com a Coreia do Norte”, acrescentou, descrevendo as negociações com Kim Jong-un como uma “disponibilidade” para a diplomacia.