O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou ao Governo de Angola que use eventuais receitas tributárias adicionais para reduzir o atraso nos pagamentos aos fornecedores e reduzir a dívida pública, que deverá subir para 73% do PIB este ano.

De acordo com a análise anual à economia angolana ao abrigo do conhecido Artigo IV, os administradores do Fundo “apoiaram a redução do défice orçamental prevista no Orçamento para 2018 e salientaram que eventuais receitas tributárias extraordinárias devem ser usadas para eliminar os atrasados internos e reduzir a dívida pública”.

No comunicado sobre a aprovação do Conselho de Administração do FMI das opiniões do corpo técnico, lê-se ainda que, dada a previsão de descida dos preços do petróleo a médio prazo, os administradores “vincaram a necessidade de uma nova consolidação orçamental gradual para colocar a dívida pública numa trajetória claramente descendente”, sendo que a previsão do FMI mantém-se praticamente inalterada face a abril, prevendo que a dívida represente 72,9% do PIB este ano e 69,9% em 2019.

A consolidação orçamental, defende o FMI, “deve assentar na mobilização de mais receitas internas não petrolíferas, inclusive através de melhorias no cumprimento das obrigações tributárias e da introdução planeada de um IVA, bem como na maior racionalização da despesa pública e melhoria da qualidade do investimento público, em simultâneo ao alargamento dos programas sociais bem direcionados”.

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Os administradores do Fundo consideram que “o conjunto de políticas no período que antecedeu as eleições de agosto de 2017 — expansão orçamental e taxa de câmbio fixa — levou a uma erosão adicional dos amortecedores orçamentais e externos”, mas salientam que “o Governo do Presidente João Lourenço centrou a sua atenção na melhoria da governação e em restaurar a estabilidade macroeconómica”.

As prioridades do novo executivo são, aliás, elogiadas pelo FMI, que diz que “os administradores louvaram o programa de reforma do Governo, que visa abordar os desafios do desenvolvimento no período pós-conflito, restaurar a estabilidade macroeconómica e melhorar o ambiente de negócios”.

No entanto, alertam que “a perspetiva mais favorável para os preços do petróleo apresenta uma oportunidade única para abordar os desequilíbrios macroeconómicos, incluindo a erosão das margens de manobra orçamental e externa, e para reduzir a dependência do petróleo” e, assim, “os administradores salientaram a necessidade de prosseguir com determinação no programa de estabilização macroeconómica do Governo e nas reformas estruturais para diversificar a economia e apoiar o crescimento inclusivo”.