A culpa nem sequer é da marca. Pelo menos, na totalidade. O problema está na alteração do sistema de medição de consumos e, logo, de emissões de CO2, que trocou o antigo sistema New European Driving Cycle (NEDC) pelo novo Worldwide Harmonized Light Vehicle Test Procedure (WLTP), mais correcto e próximo da realidade, que vai passar a ser obrigatório a partir de Setembro.

A Porsche não é a única marca a sofrer com a alteração, dado que também a BMW já teve de retirar do mercado o M3 e alguns Série 7, da mesma forma que a Peugeot também se viu obrigada a suspender o 308 GTi. Mas no construtor alemão de desportivos o problema parece ser mais alargado.

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A prova que a situação é grave é confirmada pelas declarações de um porta-voz da marca, que confirmou à Autocar que “a Porsche não está a aceitar encomendas de clientes europeus, nem o irá fazer nos tempos mais próximos”. E a decisão engloba toda a gama, dos mais acessíveis 718 Cayman e 718 Boxster, ao Panamera Turbo S E-Hybrid, passando pelo 911, com o construtor germânico a evitar assim comercializar veículos que não respeitam a norma WLTP.

À semelhança de outros fabricantes, também a Porsche tomou medidas no sentido de minorar o desconforto – e os prejuízos – motivados pelas alterações a 1 de Setembro. Estas passaram por um incremento de produção, de forma a criar um stock de veículos, uma vez que a regulamentação permite vender cerca de 10% do volume de vendas em veículos anteriores ao WLTP, o que obviamente só acontecerá junto de clientes incautos, particularmente distraídos ou sensibilizados por descontos.

Para os modelos novos, não há valores homologados para os consumos e emissões de CO2, segundo o WLTP, o que é particularmente nefasto para países como o nosso, cujos preços finais (que obviamente também não há actualizados) dependem de ambos os valores.

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De realçar que a decisão de interromper a comercialização dos novos modelos nada tem a ver com os recentes casos em que a Porsche se viu envolvida, após as rusgas de que foi alvo por parte das autoridade judiciais alemãs. Durante as quais, alegadamente, ficou provado que o fabricante recorreu à montagem de soluções ilegais, de que resultou a chamada à oficina de números consideráveis de modelos, além de ter contribuído para a prisão do responsável pelo desenvolvimento de motores, segundo a imprensa germânica.