Uma exposição dedicada ao artista português Artur Barrio, conhecido por usar materiais perecíveis nas suas obras, abre esta quarta-feira, no Museu Rainha Sofia, em Madrid, com documentos e registos do seu arquivo, e uma intervenção no espaço museológico.

“Experiencias y situaciones” (“Experiências e Situações”, em português) é o título desta exposição, com curadoria do português João Fernandes, que ficará patente até 27 agosto no Museu Rainha Sofia, de acordo com o website da entidade.

Nascido no Porto, em 1945, mas a residir no Rio de Janeiro desde 1955, Artur Barrio venceu o Premio Velázquez de Artes Plásticas 2011, e foi galardoado com o Grande Prémio Fundação EDP Arte 2016.

Num texto sobre o artista, o museu considera-o “uma das figuras essenciais das artes de ação e dos conceptualismos da América Latina desde finais dos anos sessenta, quando irrompeu a cena criativa brasileira num contexto marcado pelas transições políticas, e crescente repressão pela ditadura militar”.

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A mostra articula-se em duas salas: na primeira, é traçado um itinerário histórico através de documentos do arquivo do artista, fotografias, manifestos, através das quais ficaram registadas as situações e experiências realizadas em diferentes lugares ao longo da carreira. Entre as obras estão “Áreas sangrentas” (1975), “Des.Compressão” (1973) e”O Livro da Carne” (1978-79).

Na segunda sala, apresenta-se uma experiência realizada pelo artista antes da abertura da mostra, na qual interfere com as dinâmicas produtivas da instituição e cria fricções com a normalidade diária do seu funcionamento.

A obra de Artur Barrio constitui um exemplo radical do modo como a arte pode renunciar à sua objetualidade, na crítica que faz às condições de produção, circulação e consumo da sociedade contemporânea. “As intervenções no espaço público e a busca de um lugar de expressão à margem das instituições artísticas confluem neste criador como um signo de resistência que poetiza a vida quotidiana, Nessas ações, o corpo do artista situa-se no centro de uma crítica à coerção social”, acrescenta o texto do museu.