Fintech+ é o nome do canal de contacto lançado nesta quarta-feira pelo Banco de Portugal, dirigido às fintech — as novas entidades que operam (ou querem vir a operar) no setor financeiro. O objetivo é “esclarecer questões relacionadas com a inovação financeira e um conjunto de informações relevantes neste domínio” e, deste modo, “fortalecer o diálogo com atuais e futuros operadores do mercado financeiro, promovendo o tratamento equitativo dos vários intervenientes”.

O novo canal de contacto está alojado nesta ligação, inserida no portal do banco central nacional português. Além do formulário de contacto, os interessados podem, também, encontrar um diretório das últimas intervenções públicas do Banco de Portugal nesta área e, ainda, referências e outras ligações úteis.

O Banco de Portugal define fintech como as entidades que operam no setor financeiro e que têm modelos de negócio baseados em tecnologias inovadoras. Por outro lado, o termo pode referir-se às próprias tecnologias aplicadas aos serviços financeiros, e que são utilizadas por essas entidades ou pelos tradicionais participantes do sistema financeiro como bancos e instituições de pagamento. O termo fintech resulta da aglutinação dos termos da expressão financial technology (em português, “tecnologia financeira”), que se refere à aplicação de tecnologia na prestação de serviços financeiros.

Banca precisa das fintech para vencer as “Techfin”, avisa governador do Banco de Portugal

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A inovação tecnológica e as novas diretivas europeias para o setor financeiro podem “revolucionar” a banca e, se o setor não der uma resposta adequada, só com a nova diretiva de pagamentos pode esfumar-se 25% a 40% do produto bancário líquido dos bancos. A expressão “revolucionar” foi usada por Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, em fevereiro, e a projeção é da consultora Roland Berger.

O governador do Banco de Portugal avisa os bancos que, além de investirem em inovação internamente, devem olhar para as chamadas fintech como potenciais aliadas para combater empresas que podem ser uma ameaça bem maior para os bancos — e que Carlos Costa chama de “Techfin”: empresas como a Google, Facebook, Amazon e Apple.

Em particular, a nova diretiva dos pagamentos, DSP2 (ou PSD2, na sigla anglo-saxónica) “contribui para a criação de um mercado único para os serviços de pagamento promotor da concorrência, que incentiva a inovação e a mudança, ao introduzir a possibilidade de criação dos serviços de informação sobre contas e dos serviços de iniciação de pagamentos por prestadores que se consideram ‘terceiros’ na relação entre o utilizador e o seu banco”, diz Carlos Costa.

“Esta abertura a prestadores de serviços que se consideram ‘terceiros’ na relação entre o utilizador e o seu banco abre o espaço para a entrada de novos concorrentes que detêm uma vantagem tecnológica, como as fintech, e se especializam em nichos de mercado ou que dispõem e operam já com bases gigantes, como a Google, o Facebook, a Amazon e a Apple, e têm experiência na gestão de ‘big data’” — estas são as empresas que o governador do Banco de Portugal chama de “Techfin”.

É neste contexto que os bancos devem olhar para as fintech “não apenas como concorrentes dos prestadores tradicionais” mas, sobretudo, como empresas que podem ser instituições complementares ou parceiras”, nota Carlos Costa, acrescentando que estas “podem ser instrumentais, ajudando os incumbentes a ultrapassar as condicionantes associadas ao baixo crescimento da atividade e à baixa rentabilidade e, ainda, a restabelecer e reforçar os níveis de confiança e de reputação, postos em causa com a crise financeira de 2007”.