“O segredo obscuro da família de Whitney Houston”, é esta a forma como a Vanity Fair se refere à revelação feita no novo documentário dedicado a decifrar a vida da cantora. Segundo a nova longa-metragem, Houston e o meio-irmão, Gary Garland-Houston, foram sexualmente abusados em criança por Dee Dee Warwick, sobrinha da mãe de Whitney e irmã da cantora Dionne Warwick.
O documentário “Whitney”, que estreou no passado dia 17 de maio em Cannes, é assinado pelo realizador Kevin Macdonald’s, já vencedor de um óscar. De acordo com a publicação, Macdonald’s não tinha intenção de causar um frenesim mediático em torno do documentário sobre a vida da cantora — o segundo no espaço de um ano. Queria, ao invés, limpar a reputação que se colou a Whitney nos seus últimos anos de vida, um período intensamente escrutinado pela imprensa tabloide, que se concentrou sobretudo no vício das drogas.
O realizador teve acesso a horas e horas de gravações privadas de Houston, filmadas em casa, nas muitas tournées e também nos bastidores. Ao contrário do documentário lançado em 2017, “Whitney: can I be me”, de Nick Broomfield, o de Macdonald foi feito com a autorização de familiares de Whitney, que se deixaram entrevistar para o efeito. A longa-metragem conta, então, com declarações da mãe, do ex-marido da cantora, Bobby Brown, e do meio-irmão da artista. Diante da câmara, Gary Garland-Houston revela que foi sexualmente abusado em criança por uma mulher, tida como a cantora Dee Dee Warwick. A afirmação é ainda suportada pela assistente da cantora, Mary Jones.
A bomba, tal como se lê na Vanity Fair, é largada a mais de meio do documentário. Quando questionado sobre o que o levou ao vício da droga, o meio-irmão de Houston diz: “Ser uma criança — ter sete, oito, nove anos — e ser molestado por um membro feminino da família. A minha mãe e o meu pai estavam muito tempo fora, pelo que ficávamos muitas vezes com diferentes pessoas… quatro, cinco famílias diferentes tomavam conta de nós”. Mais tarde, duas semanas antes de o documentário ser dado como terminado, Macdonald teve a confirmação do sucedido, através de Mary Jones.
“[Whitney] olhou para mim e disse, ‘Mary, também fui molestada em criança. Mas não foi por um homem — foi por uma mulher”, recorda Jones no documentário. “Ela tinha lágrimas nos olhos. Ela disse: ‘A mãe não sabe as coisas pelas quais passámos.’ Eu disse: ‘Alguma vez contaste à tua mãe?’ Ela diz: ‘Não. A minha mãe magoaria alguém se ela soubesse quem era'”, descreve.
A cantora nunca falou do alegado abuso em público, mas foi deixando pistas. Quando lhe perguntam numa entrevista o que a deixava zangada, Houston respondeu: “O abuso de crianças deixa-me zangada… Odeio ver crianças… Incomoda-me que as crianças, que são indefesas, que dependem dos adultos para ter segurança e amor, incomoda-me… Deixa-me zangada…”, recorda a mesma publicação.
Whitney, que faleceu em fevereiro de 2012, foi uma das artistas que mais prémios ganhou no mundo. A Bustle fez as contas: foram mais de 600 prémios em quase 50 anos de vida.