O principal negociador da União Europeia para o ‘Brexit’ defendeu este sábado, no Estoril, que é preciso “acelerar” as negociações para a saída do Reino Unido, mas cabe ao Governo britânico decidir se quer manter essa decisão.

“Se queremos estabelecer as bases para o nosso futuro relacionamento antes da retirada do Reino Unido, devemos acelerar” o processo, afirmou Michel Barnier, salientando que “o tempo é curto”.

O chefe do grupo de negociadores com o Reino Unido, que falava no Centro de Congressos do Estoril, no último dia do XXVIII Congresso da FIDE (Federação Internacional do Direito Europeu), assegurou que a União Europeia está pronta para “intensificar as negociações ao nível técnico, jurídico e ao nível político”.

O Conselho Europeu adotou em março, tendo em conta “as linhas vermelhas” do Reino Unido, os procedimentos e as orientações para as negociações, incluindo a decisão do governo britânico de abandonar o mercado único e a união aduaneira.

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“Se o Reino Unido quisesse mudar suas próprias ‘linhas vermelhas’ teria de nos dizer”, sublinhou Michel Barnier, acrescentando que eventuais alterações devem ser conhecidas o mais cedo possível.

A União Europeia está aberta a qualquer decisão do Governo britânico e o chefe do grupo de negociadores assumiu que “não há qualquer ideologia ou dogmatismo” da parte da União Europeia, que admite avaliar “todos os modelos de colaboração”. Michel Barnier frisou que a União Europeia pede principalmente “clareza” e notou que numa negociação não se pode jogar “às escondidas”.

“Do nosso lado, trabalhamos sempre com total transparência. E o Reino Unido deve aceitar as consequências das suas próprias decisões, explicá-las e assumi-las”, vincou. Para Michel Barnier, em declarações aos jornalistas após a intervenção, muito aplaudida pelos congressistas, “no ‘Brexit’ não há vencedores”, considerando que, até ao momento, ninguém “conseguiu demonstrar as vantagens” nem para o Reino Unido nem para a União Europeia.

No entanto, o responsável notou que nas negociações a União Europeia deve “proteger os interesses dos 27” países e que foi o Reino Unido que decidiu sair de um “ecossistema” de direitos comuns, que ajudou a fundar. Michel Barnier admitiu que se trata de uma “negociação excecional, complexa e única”, mas mostrou-se confiante que as negociações possam encontrar um caminho de entendimento entre as duas partes.

O congresso da FIDE discutiu até hoje, no Centro de Congressos do Estoril, temas como o mercado interno e a economia digital, a fiscalidade, auxílios de Estado e distorções da concorrência e a dimensão externa das políticas da União Europeia.