A chanceler alemã Angela Merkel comentou esta segunda-feira o cenário de instabilidade política e económica em Itália, que tem agitado os mercados financeiros e adensado as dúvidas sobre a governabilidade do país. “Devemos falar com todos os governos mas temos regras na zona euro. Claro que haverá assuntos complicados” de resolver, apontou Merkel durante uma conferência de imprensa em Berlim.

Itália é o país da União Europeia com maior percentagem de dívida pública em relação ao seu PIB (Produto Interno Bruto). Aos problemas financeiros, o país junta instabilidade política: Guiseppe Conte, indicado para primeiro-ministro pelo Movimento 5 Estrelas e pelo La Liga (partidos e movimentos italianos radicais e anti-sistema), renunciou a formar governo depois do presidente Sergio Mattarella ter chumbado o ministro que Conte propôs para a Economia, Paolo Savona. O presidente italiano já nomeou um primeiro-ministro interino, o ex-diretor do FMI Carlo Cottarelli, que vai liderar um governo provisório durante os próximos meses.

“Quando houve eleições na Grécia e Alexis Tsipras se tornou primeiro-ministro, também havia muitas dúvidas em cima da mesa. Falámos um com o outro durante muitas noites, mas juntos conseguimos algo. Isso terá de voltar a ser feito agora, porque a Itália é um membro importante da União Europeia”, concluiu Merkel.

Carlo Cottarelli, o ‘sr. tesouras’ do FMI que vai ser primeiro-ministro de Itália

A subida recente nos juros da dívida soberana de Itália tem preocupado os investidores e o crescimento de popularidade dos partidos anti-sistema inquieta os líderes europeus. Os mercados receavam também as medidas económicas que um governo liderado por Guiseppe Conte, um especialista em direito administrativo sem qualquer experiência política, poderia aplicar, apoiado pelo La Liga e o Movimento 5 Estrelas. Um pedido de perdão de dívida chegou a ser apontado como possível. O governo, contudo, não entrará em funções.

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