Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), advertiu esta terça-feira para o perigo de Itália poder vir a enfrentar uma nova crise financeira caso o país abandone a disciplina fiscal e a contenção do gasto público. Em causa está a dívida soberana do país. O vice do BCE recordou ao semanário alemão Der Spiegel, aqui citado pelo espanhol El Confidencial, que, em 2012, os mercados financeiros revelaram-se “muito voláteis”, capazes de “mudar rápida e brutalmente a estimativa de risco para um devedor”.

Juros em alta e bolsas em queda. Mercados com medo do “Italexit”

A crise política que se vive em Itália — com o governo proposto por Giuseppe Conte a ser rejeitado pelo Presidente italiano —  está a contaminar o otimismo que tem marcado as bolsas europeias, tal como já escreveu o Observador. A renúncia de Conte acontece quase três meses após as eleições, sendo que Carlo Cottarelli foi escolhido para formar um governo provisório. A falta de consenso, continua o El Confidencial, provocou turbulência nos mercados financeiros: os juros da dívida italiana a dez anos subiram mais de 50 pontos.

Vítor Constâncio, que na próxima sexta-feira será substituído enquanto vice-presidente do BCE pelo espanhol Luis de Guindos, não especificou em que condições o BCE interviria em caso de urgência em Itália, mas deixou o recado: “A Itália conhece as regras. Talvez devesse lê-las de novo”. O economista e político português disse ainda em entrevista que, após a crise da dívida de 2012, os países do sul da Europa trabalharam o suficiente: “Fez-se muito, todos os países implicados reduziram as suas dívidas e têm, entretanto, um excedente na sua balança de pagamentos, é uma mudança imensa”.

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