O Governo da Nicarágua e a oposição concordaram, na segunda-feira, retomar as negociações sobre a democratização do regime, em troca de um levantamento parcial dos bloqueios nas estradas, anunciaram em comunicado.

Na quarta-feira passada, a suspensão do diálogo abriu caminho a novos episódios de violência e protestos no país, que desde o dia 18 de abril já provocaram mais de 80 mortos. “A delegação do governo e a Aliança Cívica pela Justiça e Democracia expressaram disposição em retomar o diálogo nacional na mesa plenária para reaver a agenda do tema da democratização”, lê-se no comunicado. Os opositores comprometeram-se “a aliviar” os bloqueios nas estradas, uma das principais exigências do governo.

A declaração conjunta foi assinada por três representantes de cada um dos dois partidos, reunidos em comissão mista a pedido da Conferência Episcopal da Nicarágua, que tentou relançar o diálogo suspenso na última quarta-feira por falta de acordo sobre a democratização do regime. De acordo com os signatários da declaração, a data para a retomada do diálogo será decidida pelos bispos.

Na declaração conjunta, o Governo e a oposição apelaram para o “final de todos os tipos de violência” e à “implementação das recomendações feitas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que exigiu o fim da violência e da repressão.

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Num relatório divulgado a 22 de maio, a CIDH concluiu que o uso excessivo da aplicação da lei foi usado para reprimir os protestos contra o governo.

A Amnistia Internacional (AI) também denunciou na segunda-feira um “ataque armado” da polícia nicaraguense e forças “parapoliciais” do governo contra estudantes entrincheirados na Universidade Nacional de Engenharia (UNI), que protestam contra o presidente Daniel Ortega.

Segundo a agência de notícias AFP, pelo menos 85 pessoas morreram e mais de 860 ficaram feridas em protestos contra o governo desde 18 de abril.