António Guterres acredita que o encontro entre Donald Trump e Kim Jong-Un vai mesmo acontecer e que os EUA e a Coreia do Norte vão chegar um acordo que permita que a situação se resolva pela via pacífica — mesmo depois de Trump ter cancelado a 24 de maio um encontro com o presidente norte-coreano que deveria ocorrer a curto prazo. Durante a reunião do Conselho de Estado de segunda-feira, o secretário-geral da ONU afirmou, segundo apurou o Observador, que ambas as partes estão “genuinamente empenhadas” e que houve mesmo uma “grande mudança de atitude” dos dois países neste conflito.

Na reunião do Conselho de Estado, à porta fechada, António Guterres mostrou-se muito otimista quanto a uma solução para a crise na Coreia do Norte. Uma atitude que contraria as suas declarações públicas quatro dias antes quando assegurou estar “muito preocupado” por a reunião entre Tump e Kim Jong-Un ter sido cancelada. Na altura, apelou até “às duas partes para que continuem o seu diálogo e encontrem o caminho que permita a desnuclearização da península coreana”.

O secretário-geral da ONU abordou ainda, no Conselho de Estado, as relações EUA-China, EUA-Rússia, a situação da União Europeia e os conflitos na Palestina e na Síria.

Além disso, António Guterres mostrou-se ainda preocupado com três questões: o aumento das desigualdades sociais no mundo, pois acredita que são o principal elemento perturbador da paz mundial; as alterações climáticas, pois acredita que estão a ser mais rápidas do que as respostas; e a inovação tecnológica e os riscos inerentes à mesma. Neste últimos ponto, Guterres mostrou-se preocupado com questões de privacidade, abordando a polémica do Facebook–Cambridge Analytica.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Guterres lembrou ainda que o mundo hoje já não é “bipolar” nem “unipolar”, mas “multipolar” e que as próprias Nações Unidas têm um “poder de decisão muito limitado.”

O secretário-geral da ONU fez  ainda um grande elogio às tropas portuguesas na República Centro Africana, em missão das Nações Unidas, dizendo que são um exemplo de “profissionalismo”, que é reconhecido internacionalmente.

A reunião de segunda-feira é a nona do Conselho de Estado, o órgão consultivo do Presidente da República. Nas reuniões do Conselho de Estado com Marcelo já participaram figuras da política internacional como o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo.