A organização não-governamental Justiça Ambiental alertou esta terça-feira para as consequências climáticas da exploração dos combustíveis fósseis em Moçambique, considerando que o país está a adotar um modelo de desenvolvimento que vai comprometer o seu futuro.

“Moçambique está a enveredar por um caminho errado. O carvão, o petróleo e o gás são soluções erradas. Nós temos de começar a pensar em soluções para o desenvolvimento que não comprometam o nosso futuro”, defendeu a diretora da Justiça Ambiental, Anabela Lemos.

A responsável falava à margem da terceira conferência internacional promovida pela ONG, que decorre a partir desta terça-feira e até quinta-feira, em Maputo. Para Anabela Lemos, o modelo de desenvolvimento que o país está a adotar, baseado na expectativa sobre a exploração dos recursos minerais, é uma evidência de que a luta pela preservação do clima ainda não é uma prioridade.

“Nós temos as soluções aqui. Mas, infelizmente, estamos a imitar modelos de desenvolvimento tóxicos e que estiveram na origem da crise climática que o mundo enfrenta agora”, acrescentou Anabela lemos.

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A diretora da Justiça Ambiental aponta a agricultura como uma das soluções que deviam merecer maior atenção por parte do Governo, lembrando que esta é a única forma de garantir a autonomia de que o país precisa.

“Porque não apoiar os nossos camponeses?”, questionou Anabela Lemos, acrescentando que “estão sendo chamadas companhias estrangeiras para destruir a terra e o produto que de lá sai nem fica no país”. “Temos de ser inteligentes e parar de pensar apenas em nós. É necessário que nos lembremos que temos filhos, netos e bisnetos que vão precisar desta terra”, concluiu a diretora da Justiça Ambiental, acrescentando que o país tem várias alternativas de energias renováveis.

Subordinado ao tema “Semeando Justiça Ambiental”, o encontro visa construir “um movimento de justiça climática em Moçambique”, num evento em que são esperados 150 participantes da região e do mundo para debater os desafios do clima em África, com especial destaque para Moçambique,

As conferências anuais organizadas pela Justiça Ambiental decorrem desde 2015, juntando ativistas, membros de ONG, académicos e quadros do Governo em Maputo.