O diretor executivo da petrolífera nacional brasileira, a Petrobras, apresentou esta sexta-feira a demissão, no seguimento da crise que grassa no país contra o preço dos combustíveis e das críticas à sua política favorável aos mercados.

De acordo com um comunicado da empresa, a demissão de Pedro Parente foi apresentada aos acionistas, tem efeitos imediatos e não implica mais alterações no conselho de administração, pelo menos a curto prazo.

Parente é a mais recente vítima da greve dos condutores de camiões, que durou 11 dias e cujos efeitos tiveram um impacto muito significativo. A sua saída marca o último passo num percurso em que lhe foi reconhecido mérito na gestão da maior empresa pública brasileira, afetada pela dívida, corrupção e má gestão, escreve a agência financeira Bloomberg.

Parente chegou à direção da petrolífera em maio de 2016, prometendo orientar a empresa para o mercado e afastá-la dos interesses políticos, a ponto de estar no centro do maior escândalo de corrupção da história do Brasil.

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A greve dos camionistas começou no dia 21 mas os profissionais voltaram gradualmente ao trabalho desde domingo, quando o Governo chegou a acordo com os sindicatos para reduzir os preços do gasóleo, cujos preços altos e contínuos aumentos tinham levado à paralisação.

Segundo o Ministério das Finanças do Brasil os subsídios que permitirão as reduções nos preços dos combustíveis custarão ao Estado 9,5 mil milhões de reais (mais de dois mil milhões de euros), que serão compensados com novos ajustes nos gastos, segundo um decreto publicado esta sexta-feira.

Os cortes afetarão os benefícios fiscais que o Governo dava ao setor exportador e à agricultura, bem como orçamentos de áreas como programas de reforma agrária ou o desenvolvimento de planos de ciência e tecnologia.

O Presidente brasileiro, Michel Temer, não comentou os cortes anunciados mas disse que o fim da greve dos camionistas foi produto de um “esforço de diálogo” que, defendeu, deve nortear todos os responsáveis por dirigir o país. Embora o Governo tenha admitido que há ainda algumas bolsas de protestos, na quarta-feira quase todos os camionistas já tinham abandonado os bloqueios de estradas e voltado ao trabalho.

Devido à greve a distribuição de produtos básicos caiu para níveis críticos, sendo o retomar da normalidade a grande preocupação do Governo.