Nos últimos meses, Bryan de Palma seguiu “de muito perto” o desenrolar de uma história de terror que liga o produtor Harvey Weinstein a uma série de alegados abusos sexuais contra mulheres da indústria cinematográfica. Nada daquilo que se está a passar nos EUA é novidade para de Palma — “ouvi histórias, ao longo dos anos”, admite o próprio –, mas o realizador de Carrie e Scarface decidiu passar para o papel o argumento de um “filme de terror, com um agressor sexual”.

A personagem principal do filme de Bryan de Palma não se chamará Harvey Weinstein. De resto, tudo parece ter sido tirado a papel químico da catadupa de acontecimentos que se sucederam desde que, em outubro do ano passado, o jornal The New York Times e a revista New Yorker publicaram as primeiras peças com os relatos de dezenas de mulheres que se diziam vítimas do produtor de Hollywood. “É um filme de terror, com um agressor sexual, e a história acontece na indústria sexual”, disse o realizador ao jornal francês Le Parisien.

A teia de Harvey Weinstein

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De Palma diz na mesma entrevista que conhece “muitas das pessoas envolvidas” e que, “ao longo dos anos” ouviu “histórias” dando conta de que o produtor de cinema abusava de mulheres. Foram 86, até ao momento, as atrizes, argumentistas, empregadas, modelos e assistentes que vieram a público denunciar os alegados abusos por parte de Weinstein — num caso que nasceu nos Estados Unidos e atravessou o Atlântico.

No entanto, a acusação formal da Justiça norte-americana, conhecida na semana passada, foca-se nos relatos de duas mulheres e imputa ao produtor a prática de crimes de violação, abuso sexual e conduta sexual inapropriada. Uma é a atriz Lucia Evans; relativamente à segunda vítima, não se sabe ainda o nome.

Na entrevista ao Le Parisien, de Palma condenou quaisquer agressões como as que são imputadas ao produtor. Os realizadores, diz de Palma, têm de “conquistar a confiança e o amor dos atores” e “violar” essa relação “a qualquer nível é a pior coisa que se pode fazer”.

As 23 mulheres (pelo menos) que foram assediadas por Harvey Weinstein