O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, criticou este sábado o PS e o Governo, insistindo na necessidade de uma política diferente para resolver os problemas do país e dos portugueses.

“Pode o PS dizer que o seu Governo encontrou a fórmula do enigma da quadratura do círculo, porque reduziu o défice e, ao mesmo tempo, pôs o país a crescer, negligenciando que esse suposto prodígio foi realizado à custa dos salários e do corte no investimento”, afirmou.

Jerónimo de Sousa intervinha no encerramento da IX Assembleia da Organização Regional de Coimbra do PCP, que decorreu este sábado na Casa Municipal da Cultura da cidade.

“Confundido a árvore com a floresta”, o Partido Socialista “compara a evolução positiva de uma conjuntura que permanece volátil, com a solução dos graves défices estruturais do país nos planos produtivo, energético, científico, alimentar e também demográfico e social, que permanecem e que exigem para a sua solução pôr em marcha outra política alternativa em rutura com as receitas e caminhos que afundaram o país e com uma visão e objetivos opostos aos que conduziram Portugal ao declínio”, defendeu.

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Para o líder comunista, importa promover “uma outra política para dar resposta aos muitos e vários problemas que a vida no imediato solicita”.

Ao longo do seu discurso, dirigiu várias críticas ao PS, que acusou de procurar manter a “política de direita” vigente em Portugal durante décadas, aproximando-se dos partidos de Rui Rio e Assunção Cristas, respetivamente.

A assembleia regional do PCP de Coimbra realizou-se “num momento em que se avolumam as preocupações em relação à insuficiente resposta, por parte do Governo do PS, em relação à solução de importantes problemas dos trabalhadores, do povo e do país e se adensam as apreensões em relação à sua crescente procura de convergência com PSD e CDS, para garantir o essencial da política de direita em matérias e áreas cruciais da ação governativa”.

Para Jerónimo de Sousa, trata-se de uma convergência do PS de António Costa com os dois partidos à sua direita “que se tem materializado, nestes tempos mais recentes, nos domínios das políticas de transferência de competências para as autarquias locais, apresentada sob a falsa e equívoca designação de descentralização, sobre o próximo quadro financeiro da União Europeia, com uma orientação e concertação comuns em relação aos elementos estratégicos de aprofundamento da integração capitalista, responsável pelo desenvolvimento desigual, injusto e assimétrico” dos países-membros da União Europeia.

“Matérias que deram expressão a um significativo acordo, subscrito ao mais alto nível entre as direções do PS e do PSD, com inevitáveis consequências negativas no futuro do país”, sublinhou.

O secretário-geral do PCP rejeitou igualmente uma “convergência e de forma sistemática em matéria de legislação laboral com a constituição de um bloco de resistência de PS, PSD e CDS à viabilização das necessárias e imperiosas alterações do Código de Trabalho e outra legislação apresentadas” pelo seu partido.

Na mudança de políticas dos últimos dois anos, “o que se tem conseguido é, acima de tudo, o resultado da luta, mas também da influência do PCP que resultou do novo quadro de correlação de forças” no parlamento.

Ao nível da limpeza das áreas florestais, Jerónimo de Sousa voltou a defender que “não é com uma política repressiva, ainda por cima assente numa lei errada, que se resolvem os problemas” da floresta portuguesa.