Ativistas dos direitos humanos acusaram hoje a Arábia Saudita de estar a levar a cabo “uma onda de repressão” na sequência do anúncio da detenção de 17 pessoas acusadas de “comprometer a segurança do reino”.

As acusações surgiram depois das autoridades da Arábia Saudita terem confirmado a detenção de 17 pessoas, ação que surge menos de três semanas antes da entrada em vigor da lei que permitirá às mulheres conduzir automóveis nas estradas do reino.

Grupos de direitos humanos têm denunciado que pelo menos 11 ativistas terão sido presos durante o mês de maio, sendo na sua maioria mulheres que fizeram campanha pelo direito de conduzir livremente automóveis nas estradas do reino e pelo fim da tutela masculina.

O Ministério Público da Arábia Saudita veio hoje confirmar que foram detidas no total 17 pessoas acusadas de “comprometer a segurança” do país, mas não revelou as suas identidades. Ainda segundo fontes oficiais, oito das 17 pessoas detidas foram “temporariamente libertadas” até ao final da investigação aberta pelas autoridades.

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Nove suspeitos, entre os quais quatro mulheres, vão permanecer detidos depois de terem “confessado” algumas das acusações, nomeadamente “contacto com organizações inimigas” e “contratação de pessoas em cargos governamentais delicados”, de acordo com um comunicado divulgado pela agência de imprensa saudita SPA.

Segundo esta fonte, os presos são acusados de “coordenar atividades que comprometem a segurança e a estabilidade do reino”.

Os detidos estão a ser descritos na imprensa próxima do governo saudita como “traidores” e “agentes da embaixada” de países estrangeiros. Os ativistas já rejeitaram as alegações, consideradas”difamatórias”.

Esta “onda de repressão” denunciada pelos ativistas lança uma sombra sobre a política de modernização impulsionada pelo jovem príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que tem dado alguns sinais de abertura e modernização, tendo mesmo autorizado as mulheres sauditas a conduzir automóveis, medida sem precedentes neste reino árabe.

O decreto real que autoriza as mulheres a conduzir deve entrar em vigor no dia 24 de junho.

Na semana passada, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução pedindo a libertação de ativistas e defensores dos direitos humanos detidos no reino saudita, enquanto instava os países da UE a reagirem com mais vigor.

“O príncipe herdeiro foi promovido como reformador, mas a repressão às vozes dissidentes em seu país só se intensificou desde sua nomeação em junho”, disse Samah Hadid, diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente.

“Os aliados da Arábia Saudita – especialmente os Estados Unidos, o Reino Unido e a França – devem pedir às autoridades sauditas que acabem com a repressão aos ativistas de direitos humanos no país”, pediu Hadid.