A crise económica levou o Governo angolano a cortar para metade os quase 20 000 milhões de euros que previa investir no setor da energia e águas entre 2014 e 2017.

A informação consta de um documento governamental consultado pela Lusa, que recorda que o programa de reforma do setor energético, implementado a partir de 2014, prevendo nomeadamente a reestruturação das empresas públicas da área e a conclusão de vários empreendimentos de geração de energia e cobertura no fornecimento de eletricidade e água, foi considerado como prioritário.

Contudo, lê-se no mesmo documento elaborado pelo Governo angolano, devido à crise provocada pela quebra nas receitas angolanas com a exportação de petróleo, o plano inicial de 23.000 milhões de dólares (19.800 milhões de euros) a aplicar até 2017 ficou afinal reduzido em 42,6%, para 13.200 milhões de dólares (11.300 milhões de euros).

No melhor dos cenários, o plano do Governo prevê duplicar, até 2022, o número de angolanos com acesso a um sistema de eletricidade, para 2,6 milhões de pessoas.

Em concreto, este programa visava aumentar a produção de eletricidade, nas centrais hidroelétricas e a diesel já construídas e com a construção de novas, bem como “diversificar a capacidade de geração de energia de Angola”, através de centras hidroelétricas de menor dimensão, para garantir os consumos locais.

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O programa visa igualmente estudar a viabilidade da geração de energia solar e eólica em alguns pontos do país.

Entre 2018 e 2022, a nova previsão do Governo passa por investimentos públicos de 13.500 milhões de dólares (11.600 milhões de euros). Desta verba, 70% será utilizada para projetos ligados à energia (geração e distribuição) e os restantes 30% ao fornecimento de água.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris por dia, mas o gás natural resultante desta exploração continua a ser queimado ou injetado de novo nos poços.

O Governo angolano tem por isso a meta de, até 2025, mais de 20% da energia elétrica produzida no país resultar do aproveitamento do gás natural, através da instalação de centrais de ciclo combinado.

A posição foi transmitida anteriormente pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, no âmbito do plano de desenvolvimento do setor elétrico, que até 2025 prevê elevar a capacidade de produção instalada a cerca de 9.000 MegaWatts (MW), praticamente o triplo no espaço de 10 anos.

Quando esse plano for concluído, 62% do volume de eletricidade a produzir será proveniente dos recursos hídricos, com a construção de várias barragens.

A segunda parcela será garantida pelo aproveitamento do gás natural, de 21% do total, o equivalente a uma capacidade instalada, dentro de sete anos, de cerca de 2.000 MW.

“O que se está a projetar é a construção de centrais de ciclo combinado ao longo do litoral do país, em Cabinda, Benguela e Namibe”, explicou o governante.

O ministro João Baptista Borges lembrou que depois da água, o gás é o segundo maior recurso natural disponível em Angola para a produção de eletricidade, sendo objetivo do Governo diversificar as fontes de energia, para que o país não fique “dependente de um único combustível primário”.