Quase metade das crianças afegãs estão excluídas da escola devido à guerra, à pobreza, ao casamento infantil ou a outros fatores, revela um relatório divulgado este domingo pelo Governo e pela Agência das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Segundo o estudo, 3,7 milhões de crianças em idade escolar (44%) não vão à escola, o pior resultado desde 2002 e o fim do regime talibã.

Desde a invasão norte-americana do Afeganistão, em 2001, que não se registava um declínio do acesso à escola e que o panorama da educação no Afeganistão vinha a melhorar, tanto para os rapazes como para as raparigas, proibidas pelos talibãs de frequentar a escola.

Segundo o estudo agora apresentado, as meninas são agora as mais afetadas, representando 60% das crianças privadas de escolarização.

Nas regiões mais afetadas, mais de 85% das raparigas não vão à escola, diz a agência da ONU, que destaca as províncias do sul — Kandahar, Helmand, Zabul e Uruzgan — e do centro — Wardak e Paktika — onde os combatentes talibãs estão particularmente presentes.

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A Unicef estima que 300 mil outras crianças, atualmente inscritas na escola primária, estejam em risco de abandonar os estudos até ao fim do ciclo.

As mais expostas vivem em zonas rurais, pertencem às famílias economicamente mais frágeis e ameaçadas de deslocação devido à insegurança.

“As deslocações forçadas e o casamento precoce têm impacto nas hipóteses de uma criança continuar na escola. A falta de professores, o mau estado das escolas e a insegurança são os principais fatores que conduzem as crianças a deixar a escola, sobretudo as raparigas”, refere o relatório.

Os talibãs têm vindo a recuperar território no Afeganistão nos últimos anos.

Segundo um levantamento feito pelo Congresso norte-americano, no final de abril, 20% do território afegão estava sob controlo dos rebeldes e apenas 56% sob o controlo do governo. O resto era disputado entre as partes em conflito.