A Fretilin, segunda força mais votada nas legislativas timorenses, vai ser “oposição forte” e todos os militantes estão impedidos de integrar o próximo Governo, anunciou esta segunda-feira o secretário-geral do partido. “A Fretilin está pronta para ser oposição”, disse, aos jornalistas, Mari Alkatiri, em declarações no Palácio Presidencial em Díli.

Mari Alkatiri falava depois de uma reunião de cerca de 45 minutos que a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) manteve esta segunda-feira com o Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo. O encontro insere-se numa primeira ronda de audições que Lu-Olo mantém com os responsáveis das quatro forças políticas que elegeram deputados para o Parlamento Nacional, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a Fretilin, o Partido Democrático (PD) e a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD).

Alkatiri confirmou que o Comité Central da Fretilin já determinou a postura do partido na nova fase política do país. “Ficou claro no Comité Central que vamos fazer oposição total, com apurado sentido de Estado e não vamos admitir que quadros da Fretilin sejam convidados e aceitem. Se aceitarem ficam aceitos às penalizações previstas, incluindo expulsão”, confirmou.

Alkatiri, que é ainda primeiro-ministro, mantém as funções como responsável da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), cargo do qual a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), que venceu as eleições, o quer afastar.

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Questionado sobre o futuro no cargo, Alkatiri afirmou que há ainda trabalho a completar, nomeadamente apresentar contas. “Eu tenho sentido de responsabilidade. Por causa de mim foram colocados recursos em Oecusse que têm que ser geridos e antes de entregar tenho que apresentar contas”, afirmou. A saída fica dependente do Governo, da Presidência, que nomeou Mari Alkatiri por decreto presidencial, com base numa recomendação do executivo, e do próprio, acrescentou.

“Se o Governo quiser que saia, tira-me. Eu não vou facilitar nada porque senão dizem que fui eu que fugi. Eu não facilito”, garantiu Alkatiri, no final do encontro com o Lu-Olo, no qual estiveram também presentes o vice-presidente do partido, Aniceto Guterres Lopes, e o secretário-geral adjunto, José Reis, entre outros.

Aos jornalistas, Alkatiri afirmou estar triste: “O VIII Governo nunca mais é formado”. Questionado pela Lusa, o primeiro-ministro ainda em funções admitiu que o primeiro passo nesse processo é a tomada de posse dos deputados eleitos, confirmando que o presidente do Parlamento Nacional, Aniceto Guterres Lopes, vai convocar “em breve” essa sessão inaugural.

Ao mesmo tempo, confirmou preferir que os novos deputados eleitos tomem posse “o mais rapidamente possível”. Antes da Fretilin, Lu-Olo recebeu os três líderes da AMP, Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak e José Naimori. À saída da reunião de cerca de 30 minutos, Xanana Gusmão disse aos jornalistas que tinha sido um encontro preliminar para “acertar ideias” sobre o calendário de tomada de posse do Governo, dependente da tomada de posse do Parlamento, ainda sem data marcada.

“Depois da tomada de posse, nós indigitaremos o primeiro-ministro ao Presidente e depois uma maior coordenação com o gabinete do PR para poder ter um encontro com o Presidente para informar sobre a estrutura e sobre o dia da tomada de posse”, disse. O líder da AMP disse que o objetivo é acelerar ao máximo o calendário.

“Vamos fazer o melhor nesse sentido para acabar com este impasse, com esta indefinição política”, explicou. Até ao momento o presidente do Parlamento Nacional, Aniceto Guterres Lopes, ainda não convocou a sessão inaugural da quinta legislatura. O regimento do parlamento define um prazo de até 15 dias depois da validação dos resultados das eleições pelo Tribunal de Recurso, o que ocorreu a 28 de maio, para a tomada de posse dos 65 deputados.