As barragens do Alvito e Girabolhos que o Governo cancelou em 2016 garantiam, em conjunto, o abastecimento de “quase um Castelo de Bode” à população de sete concelhos do interior centro, comparou o presidente da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, Rui Godinho, citado esta segunda-feira pelo jornal Público.

No entanto, os projetos nunca previram o potencial de reserva estratégica de água para a vida das populações, e os documentos oficiais do processo refletem a prioridade estratégica do Governo de usar os novos empreendimentos para produção de energia elétrica.

Alvito, no rio Ocreza, e Girabolhos, no Mondego, faziam parte do conjunto de 10 novas barragens do Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH), lançadas pelo Governo de José Sócrates, mas a sua construção foi cancelada em 2016, quando as infraestruturas já tinham sido concessionadas.

A barragem de Girabolhos (concessionada à Endesa) abasteceria os concelhos de Seia, Gouveia, Fornos de Algodres, Mangualde e Nelas. Alvito (concessionada à EDP) abasteceria os concelhos de Castelo Branco e Vila Velha de Ródão. Em conjunto, as duas barragens podiam armazenar um total de 764 milhões de metros cúbicos de água.

Aliás, o estudo inicial, a cargo do consórcio Coba/Procesl, avaliou mesmo o potencial de abastecimento de água, chegando a dar nota positiva aos dois locais.

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