O primeiro-ministro da Jordânia, Hani al Mulki, demitiu-se esta segunda-feira, após dias de protestos contra um aumento de impostos e outras medidas de austeridade, tendo sido indicado o atual ministro da Educação para o cargo.

A notícia do pedido de demissão foi avançada por meios de comunicação online ligados às autoridades jordanas e confirmados por fontes às agências France-Presse e Efe. O palácio real da Jordânia já confirmou que o rei, Abdullah II, aceitou a resignação do contestado primeiro-ministro e pediu ao atual ministro da Educação, Omar al Razzaz, que forme um novo Governo.

O novo primeiro-ministro estudou em Harvard e ocupou vários lugares destacados nos setores público e privado, tendo também trabalhado no Banco Mundial, uma experiência que lhe pode ser útil para responder à atual crise, causada pela imposição de medidas de austeridade exigidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para controlar a crescente dívida pública.

A economia da Jordânia sofreu uma quebra nos últimos anos, acompanhada por um aumento do desemprego, em larga medida em consequência dos conflitos nos países vizinhos da Síria e Iraque. Mulki, no cargo há dois anos, propôs melhorar a administração tributária e aumentar o número de contribuintes em 6%, prevendo uma subida de impostos e novas taxas sobre empresas de diferentes setores.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os sindicatos jordanos convocaram na semana passada uma greve geral, que teve muita adesão, contra o projeto de lei e milhares de cidadãos têm-se manifestado nas ruas para pedir a demissão do chefe do executivo, naquela que tem sido a maior onda de protestos antigovernamentais neste país pró-Ocidente, desde 2011.

O Governo também perdeu a confiança de dezenas de deputados, que pediram ao rei que afastassem Mulki do cargo, responsabilizando-o por ter provocado uma “situação explosiva”, que ocorre no mês do Ramadão, durante o qual o parlamento jordano não realiza sessões.

O rei da Jordânia, Abdullah II, é quem tem a última palavra sobre as decisões políticas, mas também se coloca como uma força unificadora acima das tensões políticas. Ao longo dos anos, tem alterado ou destituído governos como forma de acalmar os protestos dos cidadãos.