Quando o período para as encomendas para o mais barato dos Model 3, aquele com bateria de 50 kWh e um preço de 35.000 dólares, se iniciou em Abril de 2016, os potenciais clientes até fizeram fila para serem os primeiros a receber o mais acessível dos eléctricos da marca americana. Em final de 2017, Musk anunciou que tinha do seu lado mais de 518.000 encomendas – e os respectivos sinais de 1.000 dólares –, a maioria respeitante à versão mais acessível, o que significa que um número razoável preferiu as versões mais potentes, com mais bateria e mais equipamento, logo necessariamente mais caras.

Após o anúncio do CEO da Tesla em Abril, de que iria atrasar a entrega da versão de 35.000$ em mais seis a 12 meses, houve clientes que se fartaram e desistiram. Segundo a Second Mesure, desde 2016, 23% dos clientes abandonaram o barco e solicitaram a devolução do sinal, sendo que 18% das desistências ocorreram precisamente em Abril, no mês do comunicado de Elon Musk.

A Tesla admite a debandada, mas afirma que a Second Mesure não está a trabalhar com dados reais, uma vez que dos 518.000 clientes que avançaram com o sinal, apenas 63.000 desistiram, o que aponta para uma taxa de cancelamento de 12,2%.

Contudo, se a fuga dos clientes nunca é boa para o negócio, a “dor” pode ser atenuada se tivermos em conta dois dados particularmente importantes. Primeiro, muitos clientes que encomendaram a versão mais simples fizeram depois o upgrade para as mais potentes (Dual Engine) e com mais bateria (a Long Range, com 75 kWh em vez de 50), o que deixa margens de lucro maiores. Segundo, apesar da perda de encomendas –  seja 23% ou 12% –, a verdade é que ainda restam 455.000 clientes à espera de receber o seu Model 3, um volume que não tem igual na indústria automóvel. Pelo que apesar do desaire, Musk continua a ter no Model 3 o veículo que pode salvar financeiramente a marca. Assim a Tesla seja capaz de produzi-lo em quantidade.

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