O que se está a passar com o tempo em Portugal? Como é possível Lisboa, Porto e Faro estarem com temperaturas mais baixas do que Paris, Copenhaga e Berlim (sim, na capital alemã estão 29ºC)?

“Esta situação, de há cerca de um mês haver muita nebulosidade no continente e alguma precipitação, é que é atípica. Não é o facto de haver nebulosidade e precipitação, é a persistência da nebulosidade e da precipitação”, diz Maria João Frada, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), ao Observador.

A meteorologista explica que a primavera caracteriza-se por “uma alternância” entre a “corrente de oeste” e a “corrente leste”: se a corrente oeste traz um “tempo mais cinzento” com “alguma precipitação”, mais no norte e centro do país, a corrente leste é responsável pelo melhor tempo, isto é, por temperaturas mais elevadas e céu pouco nublado ou limpo.

Este ano não tem havido alternância. Temos tido permanentemente uma corrente de oeste que vai trazendo nebulosidade e precipitação”, afirma Maria João Frada.

A ‘culpa’, como sempre, é do anticiclone dos Açores que, por norma, costuma “estender-se em crista”, dando origem à corrente leste. O problema é que este ano “não se tem posicionado dessa maneira”. E é isso que tem feito chover tanto em Portugal com temperaturas ainda baixas e nuvens constantes-

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“Tem-se posicionado mais a sul dos Açores, o que vai sempre permitindo a passagem de um sistema depressionário e de sistemas frontais, que dão origem a muita nebulosidade e períodos de chuva”, explica a metereologista.

Os países do centro da Europa têm tido mais sorte. De acordo com Maria João Frada, como tem estado um anticiclone no interior do continente europeu, tem havido um “transporte permanente de massa de ar muito quente do Mediterrâneo ou até do sul de África, o que não é muito habitual.”

Mas este mau tempo não irá durar muitos mais dias. O IPMA prevê que haja “alguma precipitação”, em especial no norte e centro de Portugal continental, até segunda-feira, dia 11. A partir de dia 12 à tarde, deixará de haver chuva e no dia 13 espera-se “uma subida da temperatura, céu pouco nublado ou limpo”.

Se o cenário de corrente leste se verificar, vamos passar de temperaturas muito baixas para temperaturas muito altas”, diz Maria João Frada.

Ou seja, a partir do Santo António vamos ter finalmente calor. Ou melhor, vamos ter previsivelmente calor. Que com isto do tempo nunca há certezas.