O vídeo que demonstra o dia-a-dia dos ex-governantes catalães em prisão preventiva terá sido gravado por outro prisioneiro daquele estabelecimento. De acordo com o que avança a imprensa catalã, o autor das gravações já terá sido identificado.

A notícia é do jornal catalão El Món, que cita familiares dos políticos presos na prisão de Estremera, na Comunidade de Madrid. Àquele jornal, o cunhado de Oriol Junqueras e outros familiares dos ex-governantes catalães — também lá estão os antigos conselheiros Raül Romeva, Joaquim Forn, Jordi Turull e Josep Rull — colocaram a hipótese de o autor do vídeo ter recebido dinheiro em troca da gravação.

https://www.youtube.com/watch?v=ugxW-DfzD88

O caso motivou uma investigação interna a par de outra por parte do Ministério Público espanhol. Esta sexta-feira, o El Periódico cita fontes da policiais próximas da investigação policial em torno da fuga do vídeo, que referem que a gravação terá sido feita com um “relógio espião”, de aparência desportiva, que custará entre 350 e 450 euros. Uma rápida pesquisa na Internet demonstra que há relógios desse tipo a serem vendidos por valores consideravelmente mais baixos, por pouco mais de 20 euros.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O El Periódico diz ainda que as mesmas fontes descartam que o vídeo tenha sido gravado por outro tipo de aparelho, após ser analisada a qualidade, foco e resolução das imagens que o jornal Ara tornou públicas esta quinta-feira.

Nos vídeos em questão, é o ex-conselheiro e antigo número dois da Generalitat, Oriol Junqueras, que mais aparece. Numa das ocasiões filmadas, o político da Esquerda Republicana da Catalunha dá uma aula sobre a Grécia Antiga, contando com a atenção de Raül Romeva. Além disso, Oriol Junqueras aparece também a fazer limpezas ou a jogar ténis com Joaquim Forn. Este, por sua vez, é filmado enquanto se debruça sobre um caderno, onde se presume que esteja a escrever as suas memórias.

Vídeo revela dia-a-dia de independentistas na prisão

O vídeo foi mal recebido entre os independentistas e alguns dos seus mais próximos, com o advogado dos três presos expostos a dizer: “Agora retiram-lhes um dos poucos direitos que eles conservavam: a intimidade e a própria imagem”.

https://www.youtube.com/watch?v=ugxW-DfzD88

Outra reação ao caso foi a de Carles Puigdemont, no exílio desde o final de outubro de 2017, pouco depois de ser declarada a independência da Catalunha por parte do parlamento regional, de forma unilateral. Carles Puigdemont, que já esteve detido na Alemanha, afirmou que também há um vídeo dele atrás das grades que “por sorte” nenhum meio de comunicação difundiu. “Não vi o vídeo, mas avisaram-me de que ele existe”, disse a uma entrevista à rádio catalã RAC1 na manhã desta sexta-feira

Sobre o vídeo dos seus ex-colegas de governo em prisão preventiva nos arredores de Madrid, Carles Puigdemont diz que também escolheu não ver aquelas imagens, por não querer “contribuir para denegrir os presos”.