Luís Severo

17h, Palco Seat

Luís Severo já deu muitos concertos desde que editou o seu último álbum, que começou a chegar aos ouvidos do público em março do ano passado e que impulsionou a notoriedade do músico em Portugal. O que é que torna, então, o concerto desta tarde de sábado no NOS Primavera Sound especial? Será a estreia do músico com banda. Luís Severo tem apresentado baladas folk-pop como “Escola”, “Meu Amor”, “Boa Companhia” e “Olho de Lince” a solo, cantando e tocando piano e guitarra acústica. Desta vez, terá a ajuda de Bernardo Álvares, Diogo Rodrigues e Manuel Palha (este último membro dos Capitão Fausto) para um concerto menos intimista mas mais adequado a um festival de verão. É por isso motivo que baste para comece o seu roteiro de terceiro dia do NOS Primavera Sound bem cedo.

Kelela

18h50, Palco Super Bock

Princesa do R&B eletrónico e alternativo (ainda se pode dizer princesa?), Kelela Mizanekristos, nascida em Washington D.C. e de ascendência etíope, é uma das mais vozes mais respeitadas desse género musical nos Estados Unidos da América. Se alguns críticos americanos dedicaram parte do final do ano passado a discutir se o seu primeiro disco, Take Me Apart, é ou não é melhor do que Ctrl, o álbum de estreia da cantora SZA (também com grande dose de talento e um registo com algumas semelhanças), isso não interessa nada este sábado. Interessa sim ouvi-la. Só é pena que o concerto não aconteça a uma hora mais apropriada ao seu groove eletrónico, isto é, à noite.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nick Cave & the Bad Seeds

22h05, Palco NOS

Não vale muito a pena pensar nos grandes êxitos, em “Into My Arms”, “Henry Lee”, “Where the Wild Roses Grow”, “Far From Me”, “Stagger Lee” ou “(Are You) The One That I’ve Been Waiting For?”. Os temas incontornáveis aparecerão, a multidão vai cantá-los, mas o concerto não será sobre eles porque Nick Cave já não é o homem que os gravou. A tragédia que teve de enfrentar — a perda de um filho que morreu ao cair de um penhasco com 15 anos — deixou marcas profundas. Skeleton Tree, o álbum gravado e editado alguns meses depois da morte, é o que melhor representa hoje Nick Cave. Acontece, porém, que não é apenas isso: é uma obra-prima tão importante e tão definitiva quanto Blackstar o foi para David Bowie ou You Want It Darker para Leonard Cohen. Curiosamente, três discos editados no mesmo ano. Nick Cave e os seus Bad Seeds têm tentado soerguer-se, renascer das cinzas, tornar incríveis canções sobre a perda (“Girl in Amber”, “Jesus Alone”, “I Need You” ou “Rings of Saturn”) em momentos de comunhão espiritual com o público. E têm-no conseguido. Se o álbum não tiver sucessor, será uma magnífica carta de despedida. Mas o que importa mesmo sublinhar é que ver Nick Cave e os Bad Seeds em 2018 é histórico. Não interessa se já o vimos ou não vimos. Pelo sim ou pelo não, compre dois ou três maços de lenços de papel.

War on Drugs

23h40, Palco Seat

É possível que o astral depois de Nick Cave & the Bad Seeds esteja pesado, pelo que talvez não seja a melhor oportunidade para descobrir o grande talento de Abra, jovem cantora de R&B e hip hop de Atlanta. Sobram duas opções: assistir ao concerto do pianista e compositor alemão Nils Frahm, no Palco Super Bock, ou do grupo rock americano War on Drugs no Palco Seat. Ambos têm álbuns novos que ainda não apresentaram em Portugal e ambos fazem música melancólica e etérea, embora de tonalidades muito diferentes: mais íntima, eletrónica e experimental no caso de Frahm, mais aberta e ancorada em guitarras e sintetizadores no caso dos War on Drugs. Dado que se trata de um festival de verão e não de uma sala fechada (que seria mais propícia ao intimismo de Nils Frahm), talvez seja má ideia recusar um bom concerto de rock. Toda a gente sabe que um bom concerto de rock nunca é má ideia. Ainda que A Deeper Understanding, o álbum mais recente dos War on Drugs, padeça da mesma maleita de Everything Now dos Arcade Fire: um pouco inferior aos antecessores, foi o disco mais bem sucedido comercialmente da banda, em grande parte por ter sido lançado por uma editora major. A vitória na categoria “Melhor Álbum Rock” dos Grammy talvez se justifique por aí.

Arca

2h30, Palco Pitchfork

Espreitar o concerto dos Mogwai (00h45 no palco NOS) ou da jovem rapper e cantora de dancehall Bad Gyal (de seu nome verdadeiro Alba Farelo) não será má ideia, mas imperdível só a atuação tardia de Arca no palco Pitchfork. A eletrónica vanguardista, fragmentada e industrial do venezuelano Alejandro Ghersi surpreendeu quase todos os que ouviram o EP Baron Libre, de 2012, e o álbum de estreia Xen, de 2014. Desde aí, Arca já editou mais dois discos, o último dos quais homónimo. O seu registo é capaz de confundir os menos conhecedores e aqueles que, àquela hora, esperam outro tipo de música de dança (ouviremos um “passa techno, ó filho” ou um “para isto mais vale ir ao Indústria!”?). Mas isso é mais medalha do que mancha para Arca porque ninguém faz a música que ele faz. Será uma atuação tão sui generis quanto o NOS Primavera Sound sempre foi. E a não perder.