O SNS está em risco. Quem o diz é Constantino Sakellarides, que até abril desde ano coordenava um projeto de modernização do Serviço Nacional de Saúde, ao Diário de Notícias. O homem que há sensivelmente dois meses entregou a carta de demissão ao ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, assegura que não se pode pôr os “novos recursos num SNS que já existia em 2005”, ao invés, é preciso “alinhá-los com o SNS que queremos ter em 2025”. Em entrevista ao DN, o também professor catedrático jubilado de 77 anos garante que o problema é “a estagnação do modelo de governação”.

Um dos aspetos essenciais para poder fazer a modernização do SNS é a qualidade do seu modelo de governação. E o que mais me impressiona é olhar para a governação da saúde e ver que temos o mesmo modelo de há 25 anos”, diz em entrevista ao Diário de Notícias.

Constantino Sakellarides fala da necessidade de “modernizar o Estado” — porque o “SNS e a escola pública dependem muito da qualidade do Estado” –, mas também do facto de a crise económica ter sido “péssima” para o SNS, o que obrigou a uma “hierarquização das políticas públicas”. “É um mundo dramaticamente diferente do que era há 25 anos e a governação da saúde continua a ser a mesma”, assegura, falando num modelo de governação que permanece estático.

 O SNS não suporta mais 15 anos de estagnação e de retrocesso.

Para o entrevistado, o principal problema do SNS prende-se com a “integração dos cuidados de saúde”, tida como “absolutamente necessária”. Constantino Sakellarides deixa ainda ficar a pergunta: “Do que é que estamos à espera para completar a reforma dos cuidados de saúde primários?”.

Apesar das limitações assinaladas em entrevista, garante que o Serviço Nacional de Saúde — idealizado há cerca de 40 anos — “é a melhor coisa que a democracia nos deu”.

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