Apesar de considerar a posição dos sindicatos de professores “bastante exagerada”, Luís Marques Mendes defendeu que é também “compreensível face ao clima de expectativas que foi criado” pelo Governo. No seu comentário semanal na SIC, Marques Mendes reconheceu que as reivindicações dos sindicatos advém de um “clima de facilidade” que o Governo criou. “E toda a gente sabe que quando se semeia facilidade, colhem-se dificuldades”, disse.

A “ideia de recuperar nove anos de descongelamento” é, para o comentador, “um pouco imoral”. E explica: “Depois da crise, ninguém recuperou por inteiro a situação que tinha antes”. Mas Marques Mendes atribui ao Governo parte da responsabilidade: “Os sindicatos tem algum legitimidade porque governo criou as condições para que eles fizessem estas reivindicações.”

Que condições são essas? O “discurso de facilitista” do Governo “ao longo dos últimos meses” é, para o comentador uma delas. Marques Mendes recorda ainda que “em novembro do ano passado”, o governo deu “claramente a ideia de que ia satisfazer a pretensão dos sindicatos”. “Criou-lhes esta expectativa”, resumiu.  O comentador acusou ainda o primeiro-ministro, António Costa de, “perante os problemas, empurrar com a barriga”.

O comentador defendeu que se o governo ceder “à totalidade” às reivindicações dos sindicatos, “perde o respeito e credibilidade”. Caso ceda apenas numa parte, “também perde, menos, mas perde e abre um precedente para outros setores”. Se, por outro lado, “não fizer acordo nenhum e deixe que assunto vá engrossando, vai ser também um problema para o governo em termos eleitorais”. Por isso, acredita que “uma boa solução já não há” e que “Mário Centeno tem de pôr ordem na casa”. “O Governo tem de escolher entre o mal maior e o mal menor”, disse ainda.

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