Todos têm a sua análise ao discurso de Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa à margem das comemorações do 10 de Junho, em Ponta Delgada, nos Açores. Para o secretário-geral do PCP Jerónim,  de Sousa, foi um discurso “muito geral”. O deputado do CDS-PP Telmo Correia elogia a coerência da intervenção. Já o presidente do PS, Carlos César, considera que as palavras de Marcelo constituíram um “discurso próprio do Dia de Portugal”.

PCP diz que Presidente da República fez “discurso de circunstância”

O PCP classificou  de “discurso de circunstância” a intervenção do Presidente da República. “Foi um discurso muito geral, sem abordar questões em concreto. Um discurso de circunstância”, afirmou o dirigente do PCP nos Açores, Vítor Silva, que representou o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que não esteve presente nas cerimónias oficiais na cidade de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, nos Açores.

Em declarações à agência Lusa, o dirigente regional do PCP registou como “positivo” o facto de o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas ter sido celebrado nos Açores, mas afirmou que, no seu discurso, o Presidente da República, “não referiu questões mais concretas” que o PCP “gostaria” que fossem abordadas.

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“Existem preocupações que consideramos centrais no momento atual, nomeadamente aquilo que são as imposições da União Europeia e que põem em causa a própria soberania nacional”, apontou, referindo-se também aos “cortes nos rendimentos e à situação social que se vive no país”.

Presidente do PS diz que Marcelo fez “um discurso próprio do Dia de Portugal”

Questionado sobre as palavras do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia, o presidente do PS disse que se tratou de “um discurso próprio do Dia de Portugal”, que exaltou aos valores “mais perenes e mais essenciais” para o país, e que fez “um apelo à unidade dos portugueses, à sua confiança no presente e no futuro, ao seu envolvimento e à sua participação nas tarefas nacionais”.

O presidente do PS, Carlos César, considerou que as comemorações do Dia de Portugal nos Açores e nos Estados Unidos são uma prova da presença multinacional do país, que deve orgulhar os portugueses. “Portugal é um país com uma história muito intensa, com uma presença multinacional, com uma credibilidade hoje não só no espaço europeu, como nas áreas onde intervém em missões internacionais, envolvendo em especial as nossas Forças Armadas. Temos muitas razões para termos orgulho em ser portugueses”, afirmou.

Carlos César falava, em declarações aos jornalistas, à margem das comemorações do 10 de Junho, que este ano se dividiu entre Ponta Delgada, nos Açores, Boston e Providence, nos Estados Unidos. “Creio que estas comemorações aqui em Ponta Delgada e de modo continuado nos Estados Unidos demonstram que o nosso país vai sempre muito para além daquilo com que às vezes nos confinamos no debate político do quotidiano”, salientou. Natural de Ponta Delgada, o antigo presidente do executivo açoriano e atual líder da bancada parlamentar do PS, destacou também o “acréscimo e contributo que os Açores dão para a afirmação da portugalidade no mundo”.

CDS-PP destaca coerência do discurso do Presidente da República

O deputado do CDS-PP Telmo Correia considerou que o Presidente da República foi “coerente” com o que tem dito. “Só temos de sublinhar que o Presidente da República é coerente com aquilo que sempre tem dito e tem defendido. É uma questão que a nós não nos diz diretamente respeito. Nós fazemos o nosso papel enquanto partido da oposição e partido crítico deste modelo de governação”, adiantou, em declarações à Lusa.

Telmo Correia falava, em Ponta Delgada, numa reação ao discurso do chefe de Estado nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em que disse que Portugal preferia a “paciência dos acordos, mesmo se difíceis”, à “volúpia das roturas, mesmo se tentadoras”.

Para Telmo Correia, que representou o CDS-PP na cerimónia, foi “muito relevante e muito importante” que as comemorações se tenham realizado nos Açores. “O nosso peso e a nossa importância europeia tem muito a ver com a nossa dimensão atlântica e, portanto, fazer nos Açores, que são grande parte da nossa dimensão atlântica e da nossa projeção atlântica, seguido, ainda por cima, junto da comunidade portuguesa, à semelhança do que foi feito no ano passado no Brasil, parece-nos da maior relevância”, salientou.

O deputado centrista defendeu ainda que Portugal tem de reforçar a sua posição europeia e a sua força nas negociações, dando como exemplo, a distribuição de fundos para o país e a afetação de verbas à Política Agrícola Comum.