Para não haver qualquer tipo de parcialidade ou favoritismo, deixemos que as escolhas dos outros falem por nós: dando uma vista de olhos rápida pelas agências internacionais de fotografia, e quando procuramos imagens dos treinos de Portugal em solo russo, o que encontramos? Ronaldo. Ronaldo com Quaresma. Fernando Santos a falar com Ronaldo. Ronaldo a rir. Ronaldo a rematar. Fernando Santos junto a um lote de jogadores onde também está Ronaldo. A ideia está percebida.

Esta manhã, e para quem tem em mente esse objetivo, foi o melhor dia possível: já depois de umas corridas matinais para fugir à rega que tinha uma amplitude um pouco maior do que as quatro linhas, câmaras e repórteres fotográficos ocuparam o seu espaço na bancada do campo principal de treinos e pouco tempo depois já O tinham ali à frente. A Ele, com E grande, porque o impacto de Cristiano Ronaldo é sempre muito maior do que conseguimos perceber com facilidade sem ser ao vivo.

O capitão foi dos primeiros a entrar num relvado onde já se encontravam Fernando Santos e a respetiva equipa técnica. Com ele vieram Bruno Alves, Pepe e Beto. No fundo, as grandes referências em termos de experiência numa Seleção Nacional já batida nestas andanças. E, quiçá, quatro dos elementos mais importantes para enquadrarem a realidade com que outros quatro companheiros se deparam nesta altura: Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins e Bruno Fernandes.

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A situação de Rui Patrício é diferente das outras. Porque rescindiu há mais tempo. Porque sempre teve a certeza de que sairia do Sporting após o final da temporada. Porque decidiu resolver a sua vida, pelo menos de forma parcial, quando apresentou a carta de rescisão ainda em Portugal, depois da passagem por um retiro espiritual em Frankfurt. Podia ter sido vendido ao Nápoles ou ao Wolverhampton, a transferência abortou, cansou-se das promessas e desvinculou-se. Por isso, hoje está entre os companheiros como se fosse mais um, a fazer as mesmas coisas que faria se estivesse em Alvalade, em Itália ou em Inglaterra.

O que Bruno Fernandes, William e Gelson disseram à GNR

Depois, e integrado num grupo de jogadores, chegou William Carvalho. O médio, que assume um papel ainda mais relevante nesta Seleção com a ausência de Danilo por lesão e a opção de Fernando Santos em trazer para a Rússia um quarto central, esteve também com a calma do costume, no seu lugar, sem levantar ondas. Como se fosse apenas mais um dia de trabalho. O número 14 verde e branco, que tinha congelado a rescisão de contrato no mesmo dia de Rui Patrício e Daniel Podence depois de lhe ter sido assegurada uma saída a ser tratada pelo agente, Pere Guardiola, entregou a carta e colocou o seu futuro nas mãos do irmão do treinador do Manchester City, tendo recebido recentemente sondagens não só de Inglaterra mas também de França.

Por fim, e para fechar o grupo, Gelson Martins e Bruno Fernandes, dois jogadores que além de terem rescindido ao mesmo tempo contrato com o Sporting são muito próximos fora dos relvados. Entraram com Cédric Soares e Adrien Silva, os dois últimos jogadores formados no clube a serem vendidos. Trabalharam normalmente e, coincidência ou não, sempre do lado mais oposto à bancada onde se concentraram os jornalistas nos 15 minutos da sessão abertos. A dupla, a par de William, é a grande preocupação dos responsáveis federativos neste momento, pela importância que têm (ou podem ter) para a Seleção e pelo momento difícil que atravessam, que dificilmente poderia deixar de mexer com os mesmos. E essa “redoma” já está criada.

Bruno Fernandes, William e Gelson rescindem com o Sporting

Uns minutos depois, já todas as atenções tinham voltado ao foco do costume: Cristiano Ronaldo. Mesmo no exercício mais básico da primeira parte do treino, que consistia apenas na receção, passe de primeira e corrida a dez metros, olhava-se para tentar perceber a precisão do toque, a explosão sem bola, a própria motivação no que estava a fazer. Uma coisa é certa: juntando a pacatez de Kratovo, onde a presença da Seleção Nacional passa praticamente ao lado de qualquer olhar indiscreto, ao brilho do melhor jogador do mundo, William Carvalho, Gelson Martins e Bruno Fernandes estão no sítio perfeito para conseguirem recuperar o foco depois de mais uma bomba, talvez a maior, que fizeram explodir em Alvalade.