Donald Trump e Kim Jong-un fizeram História ao apertarem a mão, ao sentarem-se lado a lado e assinarem uma declaração conjunta. Mas nem só de diplomacia pura e dura se faz uma cimeira, como provaram as interações entre os dois líderes captadas pelas câmaras — e as que envolveram terceiros, desde a filha do Presidente, passando por uma cantora de uma girlsband coreana e indo até às lágrimas do ex-basquetebolista Dennis Rodman.

A primeira selfie de Kim

Ainda antes de a cimeira começar, na noite anterior, o líder norte-coreano aproveitou para passear pelas ruas de Singapura, acenando aos turistas e tirando até a sua primeira selfie conhecida, com o ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Vivian Balakrishnan. O acontecimento foi amplamente noticiado nos media estatais norte-coreanos — fez capa do principal jornal do país, o Rodong Sinmun, e a agência KCNA falou num passeio para aprender sobre “o desenvolvimento social e económico de Singapura”.

Uma fotografia para parecerem “bonitos e magros”

A parte mais difícil já tinha passado, com as principais reuniões a ficarem para trás. Faltava apenas o almoço de trabalho para as duas delegações darem por concluídos os trabalhos. Foi nesse preciso momento, antes de enterrarem o dente em iguarias como cocktail de camarão e pepino coreano recheado, que Donald Trump lançou uma pergunta curiosa aos fotógrafos: “Já tiraram todos uma boa fotografia para parecermos bem e bonitos e magros?”, questionou.

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O comentário é especialmente embaraçoso se recordarmos que, ainda não há muito tempo, o Presidente norte-americano aproveitou para chamar “baixo e gordo” a Kim Jong-un num tweet, depois de este o ter apelidado de “velho”.

A exibição da limousine

Depois do almoço e de um passeio a dois, Trump e Kim aproveitaram para trocar algumas palavras entre as duas delegações. O ambiente parecia amigável, entre sorrisos, quando Trump aproveitou para exibir a Kim a sua limousine blindada — conhecida como “A Besta” —, abrindo a porta e mostrando o interior.

A cantora de girlsband tornada diplomata

Hyon Song-wol é cantora da girlsband norte-coreana Moranbong, cujos membros terão sido escolhidos pelo próprio Kim Jong-un. Há rumores de que Hyon e Kim terão sido namorados no passado ou que ainda mantêm algum tipo de relação amorosa.

Talvez isso ajude a perceber porque razão uma cantora — agora apelidada pelos media norte-coreanos de “política” — fazia parte da delegação norte-coreana em Singapura. E não é a primeira vez que tal acontece: Hyon já esteve na Coreia do Sul durante os Jogos Olímpicos de Inverno.

O provérbio chinês falsificado

“Aqueles que dizem que algo não pode ser feito não devem interromper os que estão a fazê-lo.” Foi este “provérbio chinês” que Ivanka Trump tweetou umas horas antes do início do encontro — e que provocou sururu nas redes sociais chinesas. Tudo porque, aparentemente, não há nenhum “provérbio chinês” assim. Seria uma piada para Pequim?

As lágrimas do ex-basquetebolista injustiçado e o sentido de humor do “Pai da BBC”

O antigo basquetebolista Dennis Rodman, conhecido por ter passado bastante tempo com Kim Jong-un (um conhecido fã de basquetebol), falou em direto para a CNN durante a cimeira e partilhou a sua emoção com os telespectadores.

“Obama nem sequer me ligou. Eu disse-lhe ‘tenho algo a dizer sobre a Coreia do Norte’ e ele ignorou-me”, afirmou, com lágrimas a escorrerem pela cara. Este momento é por isso para Rodman o retificar de uma injustiça. E sobre Kim, o basquetebolista aproveitou para explicar que é “como um miúdo grande, apesar de ser pequeno”.

Quem reagiu com humor ao comentário de geopolítica de Rodman foi Robert Kelly — o especialista em relações inter-Coreias que ficou conhecido o ano passado em todo o mundo depois de o seu filho ter interrompido uma entrevista em direto para a BBC.

“O Pai da BBC? Esse tipo ainda dura?”, comentou no Twitter. “Prefiro o Rodman, muito obrigado”, escreveu, revelando um sentido de humor apurado. Kelly comentou toda a cimeira para a BBC, em direto — e desta vez sem nenhuma criança a interromper-lhe o raciocínio.