A OCDE aconselha Berlim a estimular o investimento e o consumo internos, defendendo que a Alemanha dispõe de um amplo excedente da balança corrente, apoiado em grande medida no forte excedente do comércio externo.

Num relatório sobre a economia alemã, divulgado esta terça-feira, a OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico) considera que o “desequilíbrio externo” da Alemanha é consequência de vários fatores e também reflete o excesso de poupança tanto das famílias como das empresas e do Governo.

Assim, a OCDE defende que o estímulo do investimento e do consumo internos através do gasto público poderia contribuir para melhorar a produtividade e avançar na inclusão de setores desfavorecidos, além de favorecer a competitividade.

A OCDE também sublinha que para utilizar a posição orçamental privilegiada Berlim pode atuar no investimento público em projetos de infraestruturas, considerando que a redução da pressão fiscal sobre os rendimentos do trabalho mais baixos teria como consequência impulsionar o consumo privado.

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O relatório da OCDE resume a situação conjuntural da Alemanha com a expressão “robusta”, indicando que a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018 recuará para 2,1%, menos quatro décimas do que em 2017 e que a taxa de desemprego descerá de 3,7% no ano passado para 3,4%.

Por outro lado, o relatório do “clube dos países ricos” estima que a Alemanha deveria privatizar as participações públicas na banca regional, na indústria automóvel, nas telecomunicações e nos serviços postais.

Em relação aos bancos regionais alemães (Landesbanken), maioritariamente nas mãos dos governos dos “Länder”, a OCDE recorda que são entidades que demonstraram ter um historial “pobre” quanto à eficiência e de vulnerabilidade aos riscos de solvência. A OCDE também recorda que “a propriedade governamental dos ‘landesbanken’ causou um problema de governança devido à natureza internacional do negócio”.

A recomendação da OCDE para o Governo vender as participações públicas em empresas automóveis, de telecomunicações e correios é acompanhada da constatação de que o número limitado de operadores da rede de telemóveis é um elemento que limita a competitividade.