No mínimo, 20%. Será esta a margem de lucro da Tesla em cada Model 3 vendido. As contas são da revista alemã WirtschaftsWoche, que se deu ao trabalho de tentar apurar os custos reais que envolvem a produção do mais barato modelo da marca norte-americana de veículos eléctricos.

Para chegar a uma conclusão, a publicação germânica entrou em contacto com um grupo de especialistas contratados pelos fabricantes alemães para fazer aquilo que se designa por engenharia reversa. Ou seja, desmontar até à última peça um determinado veículo, para perceber como tudo funciona, está montado e de onde vem…

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Esse trabalho de “investigação” do Model 3 terá permitido aos engenheiros perceber quanto é que custa, realmente, fabricar um Model 3. A soma é rápida: 10.000 dólares na produção dos componentes mais 18.000 em matérias-primas e outros (marketing, distribuição, etc.). Total: 28.000 dólares, para um carro que é vendido por 35.000 dólares na sua versão de entrada, nos Estados Unidos da América, mas que chega a atingir 60.000 dólares. E, tradicionalmente, quando mais sofisticada e cara é a versão, maiores as margens que assegura. Dito de outro modo, Elon Musk tem uma margem de lucro de 20% em cada Model 3 que põe na rua. Isto pelo menos, porque a Tesla ainda nem sequer começou a fabricar a versão standard, concentrando a capacidade produtiva – que tem derrapado – nas versões mais bem equipadas e com maior bateria (maior autonomia) da berlina eléctrica. Uma opção que visa, seguramente, alcançar lucros (ainda) mais interessantes.

É certo que as estimativas da WirtschaftsWoche não contemplam variáveis como a logística ou a fiscalidade, mas este exercício não deixa de ser interessante, atendendo a que nem todos os fabricantes conseguem, em média, margens desta ordem, uma vez que nesta indústria, 8% é um considerado um excelente valor que nem todos conseguem alcançar.

Quanto ganham as marcas por cada carro que vendem?

O segredo estará no cobalto. Ou melhor, na falta dele. Os técnicos que “estudaram” para a concorrência as baterias do Model 3 verificaram que os acumuladores do Tesla têm menos cerca de dois terços do cobalto que se encontra noutras baterias. Das 2.170 células que compõem a bateria, só 2.8% são cobalto, quando a média da indústria anda nos 8%. Ou seja, a Tesla “poupa” 65% no uso dessa matéria-prima, o que lhe aporta uma importante vantagem competitiva.

A fazer fé nas declarações do fundador da Tesla, o caminho a seguir será esse: menos cobalto. Elon Musk antecipou para dentro de dois anos baterias mais baratas, num trabalho a ser desenvolvido no âmbito da joint-venture estabelecida com a Panasonic. Para se ter uma ordem de grandeza, a meta é chegar (já no final deste ano) aos 100 dólares por cada kWh de armazenamento, quando empresas como a Renault e Nissan rondam os 200 dólares/kWh.