O fabricante americano de automóveis eléctricos anunciou o corte de 9% dos seus empregados, afirmando que se trata de um processo normal de crescimento, que por vezes passa pela adaptação do tipo de empregados às funções que é necessário preencher. “Se é certo que vamos realizar estes cortes, com todos os funcionários vítimas do layoff a receberem as necessárias compensações salariais, é igualmente um facto que vamos contratar mais empregados, só que com diferentes especializações e conhecimentos, para reforçar áreas em que estamos deficitários”, adianta a companhia. A marca nota ainda que o número de empregados subiu cerca de 15% nos nos últimos seis meses e que a tendência aponta nesse sentido.

A Tesla está a passar pelo mesmo tipo de evolução porque passaram outras startups, ou empresas com rápido crescimento, como a Apple, Google ou Microsoft, quando estavam na fase inicial. Até 2016, quando possuía apenas dois modelos, a berlina S e o SUV X, esforçava-se (sem o conseguir) para atingir 100.000 unidades por ano, mas em 2020, quando o Model 3 já estiver em pleno, irá ultrapassar os 600.000 veículos (só 500.000 vão ser Model 3), colocando-se acima de fabricantes de luxo como a Volvo ou a Jaguar. Situação que vai posteriormente melhorar ainda mais (para o dobro?) com a chegada do Y, do Semi e do Roadster.

Depois de, durante anos (desde 2012), ter trabalhado apenas com uma linha de produção quase artesanal, onde fabricava os S e X a um ritmo total inferior a 100 mil carros por ano, a Tesla passou a ter entre mãos uma linha de produção com capacidade para 500 mil veículos/ano. Uma diferença colossal que motivou um esforço extraordinário de adaptação, que ainda hoje dura e faz as suas vítimas.

Quem não é preciso, fora

Nos últimos dois meses, o facto de não conseguir fabricar o Model 3 ao ritmo pretendido – o que podia colocar em causa o futuro da empresa –, obrigou a marca americana a apurar o seu esquema de produção, trocando robôs, alterando sistemas e afastando as pessoas que não pertenciam à linha, uma vez que a Tesla concluiu finalmente aquilo que os seus concorrentes, muito deles com uma centena de anos de experiência, sabem há muito: “se não tens uma função específica, o melhor é desaparecer”. Vai daí, alterou os contratos com fornecedores, para que ficassem obrigados no tempo à função que os colocava na Tesla e passou a exigir a todos os funcionários que provassem nos recursos humanos que tinham mesmo necessidade de aceder à linha. Ora, isto veio colocar a descoberto uma série de quadros e de funções que estavam duplicadas e que, em vez de ajudar, prejudicavam.

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Depois do período de avaliação, veio o dos cortes, com a saída agora anunciada de 9% da força de trabalho que, segundo a Tesla, apenas consumia recursos. “Temos funcionários cuja função fez sentido no passado, mas que agora é difícil de justificar, pelo que estamos a tomar esta decisão para evitar ter de regressar a este tema dos cortes mais tarde”, declarou o CEO da Tesla, Elon Musk. Estaremos a falar de mais de 3.000 trabalhadores, pois a empresa tinha 37.543 colaboradores, em 2017.

A redução de pessoal não incidiu sobre a linha do Model 3, que tem de atingir 5.000 unidades/ semana no final de Junho – apesar de Musk já ter entretanto prometido 6.000 –, com a empresa americana a admitir que todos os fabricantes têm, por vezes, a necessidade de adaptar o tipo de empregados às novas funções, especialmente num período de grande crescimento. De caminho, a Tesla denunciou também o seu contrato de distribuição de painéis solares com a Home Depot, mostrando-se disposta a recuperar os funcionários – que assim o desejem – para as lojas próprias que passam a comercializar o mesmo produto.