Poucos se recordam deste episódio, mas dificilmente João Moutinho poderá esquecer porque foi uma das desilusões que teve ao longo de uma carreira que pode ser definida sobretudo numa palavra: fiabilidade. Depois de se ter destacado no Sporting e na Seleção Sub-21, que foi ao Europeu de 2007, esteve no Campeonato da Europa sénior de 2008 mas falhou o Mundial de 2010. De forma surpreendente, até porque Pepe estava ainda em dúvida para a competição à partida para o estágio final. E, ironia das ironias, esteve um dia muito perto da Covilhã, onde a Seleção Nacional então orientada por Carlos Queiroz estava concentrada.

A partir daí, mudou de clube duas vezes (FC Porto e Mónaco) mas nunca mais voltou a ser preterido numa grande competição. Agora, aos 31 anos, marca presença no segundo Campeonato do Mundo como se tivesse 21. Aliás, só houve um pormenor que mudou daí para cá num discurso sempre muito contido e ponderado, fugindo de qualquer polémica: a forma como às vezes, e dependendo de como é feita a pergunta, já trata de quando em vez os jornalistas por “tu”. De resto, João foi o Moutinho de sempre numa conferência com apenas seis perguntas: a da organização, três da imprensa nacional e duas de órgãos brasileiros.

Elogio 1: a Rússia e a organização do Mundial até ao momento. “As expetativas são boas, grandes. Está a ser um Campeonato do Mundo muito bem organizado pela Rússia, que já merecia ter aqui uma grande competição. Parabéns à organização, tem sido tudo excecional, com todas as condições. Esperamos dar o máximo e atingir os nossos objetivos”, salientou a abrir.

Elogio 2: a Espanha, alheia a qualquer movimentação no comando técnico. “Não acredito que traga qualquer efeito negativo, quanto muito talvez positivo. É uma equipa que se tem preparado da melhor forma possível para o Campeonato do Mundo há algumas semanas e que não vai alterar muito o seu estilo de jogo. Vão ser fiéis ao que têm feito, quer na qualificação, quer nos jogos de preparação. Esperamos uma equipa forte, unida, que vai criar dificuldades mas sabendo que também temos a nossa qualidade, que queremos estar dentro do jogo, fazer o nosso jogo e sair com a vitória”, comentou depois.

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Elogio 3: Portugal, alheio a qualquer ruído exterior que se possa levantar. “Todos temos vindo a falar sobre isso e a dizer o mesmo: não influencia nada porque estamos todos focados nos nossos objetivos, em trabalhar bem para este início do Mundial. É isso que temos feito, concentrados e unidos apenas na Seleção e no que podemos dar para atingir o nosso objetivo no Campeonato do Mundo. Não olhamos nem para o que se passa nas outras seleções, nem no que se passa no exterior da nossa. Sabemos da nossa responsabilidade e o que temos de fazer dentro de campo”, frisou na resposta seguinte.

Três respostas, três elogios, três formas de rematar qualquer outra pergunta que se seguisse sobre os temas inevitáveis que iriam dominar a conferência. Mas ainda houve tempo para uma pergunta que deixou o companheiro de mesa, Fernando Santos, a rir: o facto de estar ali quer dizer que vai ser titular no jogo contra a Espanha desta sexta-feira? “Ninguém está garantido, já cheguei a vir a uma conferência e no dia seguinte não estive presente…”, recordou. “Temos todos trabalhado de forma excecional, temos dificultado as contas do mister Fernando Santos mais isso é bom, o facto de queremos todos jogar e ajudar a equipa a atingir os seus objetivos. Se entrar, só posso dar o meu máximo pela vitória, que é sempre o nosso objetivo”, acrescentou, recusando também qualquer tipo de pressão extra por chegar a este Mundial como campeão da Europa. Mas será favorito?

“Os favoritos são esses que têm sido indicados, Brasil, Alemanha, Espanha… Portugal está entre os candidatos para poder ganhar como estão outros. É normal que os outros sejam considerados favoritos, pelo que já ganharam e pela sua história. Somos campeões da Europa mas não é por isso que somos favoritos, ficamos pelos candidatos. Temos uma equipa jovem, concentrada, que ambiciona alto e que tem em vista a conquista de mais títulos depois do Europeu”, concluiu.