A exposição temporária “Diálogo e traição. Grão Vasco/Júlio Resende”, que põe em diálogo as obras dos dois artistas, é inaugurada sexta-feira, às 19h00, no Museu Nacional Grão Vasco, em Viseu.

Promovida no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do pintor Júlio Resende e do VIII Congresso dos Advogados Portugueses, a exposição, que estará patente ao público até 14 de outubro deste ano, é uma iniciativa do Museu Nacional Grão Vasco, em parceria com a Fundação Júlio Resende e com a Delegação de Viseu da Ordem dos Advogados.

A exposição “pretende estabelecer um diálogo entre a obra de Júlio Resende e a obra do mestre da pintura do Renascimento Vasco Fernandes”, Grão Vasco, refere uma nota da Direção-Geral do Património Cultural.

“Diálogo e traição. Grão Vasco/Júlio Resende”, que é comissariada por Laura Castro, inclui “obras de Júlio Resende pertencentes a museus e a coleções particulares que, de forma emblemática, ilustram a obra de Júlio Resende e dialogam com a obra de Grão Vasco”.

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Júlio Martins Resende da Silva Dias nasceu no Porto, em 23 de outubro de 1917, e faleceu aos 93 anos, em 21 de setembro de 2011, em Valbom, Gondomar (Grande Porto), onde em 1993 instituiu a Fundação Júlio Resende/Lugar do Desenho. Tendo pintado “quase até ao fim da vida, no Porto, a cidade que o inspirou e à qual sempre voltou”, Júlio Resende foi autor de “uma diversificada e premiada obra, marcada pelas viagens que foi fazendo ao longo da vida, e pelos mestres que conheceu, que abrange essencialmente a pintura sobre tela ou mural, serigrafias e gravuras, vitral, painéis cerâmicos para obras de arquitetura, ilustração de livros e, ainda, cenários e figurino para teatro e ballet”, sublinha, na sua página da internet, a Universidade do Porto, a propósito dos seus “Antigos estudantes ilustres”.

Grande parte da obra de Júlio Resende é apresentada em exposições, individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, desde os anos da década de 40 do século passado, e está patente em “muitos e prestigiados museus e coleções particulares”, designadamente em Portugal, França, Brasil, Finlândia, Noruega, Bélgica e Macau.

Júlio Resende produziu muitos “murais cerâmicos para edifícios, públicos e privados, obras que se inseriram no contexto da reutilização do azulejo na arquitetura nacional” dos anos de 1950 e de 1960, destaca, entre outros aspetos, a Universidade do Porto.

Produtor de arte pública como o painel de azulejos da Estação de Sete Rios do Metropolitano de Lisboa, Júlio Resende foi igualmente autor, entre múltiplas obras, do painel Ribeira Negra, que “ofereceu à sua cidade e, posteriormente, foi executado em grés e colocado à entrada do Túnel [rodoviário] da Ribeira”. Nesta obra, o poeta Eugénio de Andrade viu “o magnificente historial da miséria e da grandeza da população ribeirinha do Porto”.

Júlio Resende também foi professor no ensino secundário, técnico e regular e artístico universitário, carreira que iniciou em 1944, na Escola Industrial de Guimarães, e terminou na Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1987.