O Ministério Público da Hungria anunciou esta quinta-feira que vai recorrer da condenação a 25 anos de prisão de quatro acusados da morte por asfixia de 71 migrantes num camião, por considerar que “não reflete” a gravidade do crime.

“O veredicto não reflete suficientemente as condições do crime”, afirmou o procurador Gabor Schmidt no tribunal de Kecskemét, que hoje condenou os quatro homens. O Ministério Público tinha pedido prisão perpétua para os quatro principais acusados, membros de uma rede de tráfico de pessoas.

Para o procurador, os quatro homens deixaram os migrantes sufocar, pelo que devem ser condenados por “homicídios agravados por especial crueldade”. Oriundos da Síria, Iraque e Afeganistão, os migrantes, quatro dos quais eram crianças, morreram asfixiados no compartimento estanque de um camião frigorífico.

Segundo o inquérito, os migrantes — 59 homens, oito mulheres e quatro crianças – agonizaram durante mais de três horas sem que os traficantes interviessem, apesar dos gritos e pedidos de ajuda. Os corpos foram encontrados a 27 de agosto de 2015 no interior do veículo, de matrícula húngara, abandonado numa autoestrada no leste da Áustria, perto da fronteira com a Hungria.

Os quatro principais acusados, um afegão e três búlgaros, foram condenados por vários crimes, incluindo homicídio, organização criminosa e tráfico de seres humanos.

Outros dez acusados, na maioria búlgaros, foram condenados a penas de 3 a 12 anos de prisão. Três deles foram condenados à revelia. A defesa também anunciou que vai recorrer.

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