Quando acabou a temporada, após a derrota com o Desp. Aves na final da Taça de Portugal, houve aquela imagem simbólica de Jorge Jesus, na chegada ao hotel em Cascais onde a equipa se concentrou na manhã desse dia, a despedir-se dos jogadores um a um como se fosse uma despedida (que foi mesmo). No interior da unidade, como contaram depois ao Observador, o cenário foi o mesmo. Alguns sabiam que se iam cruzar nas seleções, outros manteriam o contacto nas férias, mas era um grupo que dizia adeus antes de entrar num cenário de incerteza. Acuña, pelo contrário, sabia que aquele tinha sido o seu último jogo.

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O esquerdino que está agora concentrado na seleção argentina, que começa este fim de semana o Mundial com a Islândia, disse a várias pessoas que não sentia condições para continuar em Alvalade. E nem precisava de explicar muito mais em relação às suas razões: a pega no estádio e no aeroporto após a derrota com o Marítimo; o episódio nas garagens após o regresso; a conversa com Bruno de Carvalho onde, se acordo com alguns jogadores, o líder leonino terá confidenciado que elementos das claques lhe iam pedindo a sua morada; o ataque na Academia que o tinha como alvo. Como todos fizeram nessa terça-feira, esvaziou o cacifo. Ainda assim, e depois dos últimos desenvolvimentos, é provável que possa ter de voltar a colocar tudo no mesmo espaço.

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Com a carta de rescisão preparada há vários dias, Acuña quis concentrar-se no Campeonato do Mundo (até porque começou o estágio com um pequeno problema físico que pretendia debelar da forma mais rápida possível) e deixou o seu futuro nas mãos dos representantes. Os dias iam passando e nenhuma novidade. Não que tivesse havido uma vontade de ficar no Sporting, mas porque as possibilidades que iam sendo estudadas num cenário de rescisão unilateral não eram propriamente as melhores. Até que, esta quinta-feira, o extremo (ou lateral) tentou tudo para encontrar uma solução, que acabou por não surgir.

De acordo com informações recolhidas pelo Observador, é verdade que um dos clubes sondados na reta final para encontrar uma saída foi o rival Benfica (como avançou esta sexta-feira o jornal Record), que não mostrou interesse em garantir o argentino (ao contrário do que acontece com Rafael Leão, Gelson Martins ou Bruno Fernandes). E houve outros, europeus e sul-americanos, com dois grandes obstáculos sempre pela frente: a eventual cláusula que teria de ser paga caso o jogador não tivesse razão nos argumentos de justa causa apresentados na carta de rescisão (além da cláusula de rescisão de 60 milhões, de referir que foi o segundo maior investimento de sempre dos leões, num acordo global com o Racing Avellaneda que envolveu também três atletas da formação argentina num total de 9,6 milhões de euros) e o salário, que em Alvalade representa um valor bruto a rondar os 133 mil euros por mês (75 mil líquidos).

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Assim, e no mesmo dia em que Battaglia rescindiu com uma carta personalizada e bem mais curta do que os restantes jogadores que cessaram de forma unilateral o vínculo, Acuña acabou por permanecer. O que não significa, claro está, que se mantenha no plantel para a próxima temporada: os representantes do jogador tentarão ver junto da SAD verde e branca que o internacional gostava de ser vendido numa proposta que fosse boa para todas as partes. Se conseguirá ou não, só o futuro poderá dizer.

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