A Organização de Estados Americanos (OEA) acusou quinta-feira o Governo do Presidente venezuelano Nicolás Maduro de intimidar a líder da oposição Maria Corina Machado, relacionando-a com um grupo de militares detidos por alegada conspiração contra o regime.

A Secretaria Geral da OEA [que congrega 35 Estados independentes americanos] manifesta a sua profunda preocupação pelas recentes ameaças contra a líder do partido ‘Sou Venezuela’. (…) Com efeito, o regime quis vinculá-la a uma suposta ação de uma vintena de militares contra figuras do regime”, explica o secretário-geral daquele organismo, num comunicado.

Segundo Luís Almagro “essas ações de intimidação contra Maria Corina Machado baseiam-se justamente em depoimentos arrancados através de torturas a esses militares”. E explicou: “Trata-se de uma amostra adicional da estratégia sistemática e generalizada que usa a ditadura para perseguir, intimidar e deter arbitrariamente as pessoas que se expressam contra o regime”.

O comunicado sublinha que estes novos atos contra uma figura opositora reforçam a conclusão de perseguição política no país e que a OEA exige garantias de liberdade e segurança para Maria Corina Machado, recordando que tais ações são inaceitáveis pela comunidade internacional.

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Pouco antes das eleições presidenciais antecipadas de 20 de maio último, 23 militares foram detidos pelas autoridades venezuelanas e acusados de estar a preparar um “magnicídio” (assassinato de político ou pessoa importante em funções) do Presidente Nicolás Maduro e do comandante Remígio Ceballos Ichaso.

Segundo a imprensa venezuelana os detidos teriam tido reuniões com políticos opositores, entre eles Maria Corina Machado, desconhecendo-se no entanto em que data ocorreram e quem participou nas mesmas.

As tensões nos quartéis venezuelanos surgiram alegadamente na sequência das eleições de 30 de julho, para a Assembleia Constituinte, altura em que alguns militares terão manifestado que a convocatória não estava ajustada à Constituição da Venezuela.

Um relatório da Direção de Contra-Inteligência Militar (DCIM, serviços secretos militares) refere a recolha de dados sobre uma operação em que os militares suspeitos pretenderiam executar um magnicídio e depois “fugir [do país] num avião Sukhoi”.

A imprensa venezuelana dá conta ainda de que alguns dos oficiais detidos denunciaram em tribunal terem sido torturados, golpeados em partes sensíveis do corpo e submetidos a processos de asfixia com bolsas e com água. Os familiares e advogados defensores privados têm denunciado que foram violados os direitos humanos dos detidos, que estão incomunicáveis e aos quais lhe foram impostos advogados oficiosos.