O governo de coligação de Angela Merkel pode estar a caminhar para o seu fim, à medida que o partido da chanceler, o CDU, é posta em cheque pelo seu partido-irmão na Baviera, o CSU. No centro da discórdia está a política da Alemanha para refugiados, que o CSU quer tornar mais estrita quanto antes e que Angela Merkel quer reformar apenas quando houver uma consenso europeu.

A pesar sobre a coligação — composta pelo CDU, pelo CSU e também pelo SPD — está o prazo de segunda-feira, a data limite acordada entre os dois partidos, que até lá vão reunir as suas comissões executivas, para cada um firmar uma posição final. A saída da CSU da solução governativa alemã levaria o governo de Angela Merkel a uma minoria no Bundestag, mesmo com apoio do SPD.

A tensão entre os dois partidos subiu a níveis inéditos nesta legislatura esta quinta-feira, quando uma sessão plenária do parlamento foi interrompida para que ambos reunissem em privado. Aquela tensa sessão parlamentar aconteceu depois de Angela Merkel ter estado reunida com o ministro do Interior e líder da CSU, Horst Seehofer. Apesar de terem estado juntos durante várias horas, as duas partes não conseguiram chegar a acordo.

Horst Seehofer, ministro do Interior e líder da CSU, exige uma mudança imediata da lei da imigração. Angela Merkel pede-lhe tempo, para poder falar com a Europa

Em concreto, o CSU quer que a Alemanha rejeite todos os requerentes de asilo que cheguem às suas fronteira caso tenham entrado na União Europeia através de outro país. Além disso, o partido do ministro do Interior também quer fechar as portas a todos os requerentes de asilo que já tenham tido a sua candidatura chumbada na Alemanha. As duas medidas estão previstas num conjunto de leis elaboradas pela CSU que está a ser descrito como o “grande plano para a imigração”.

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Angela Merkel opõe-se à aprovação daquele pacote legislativo por defender que a Alemanha não deve agir de forma unilateral e procura chegar a um acordo a nível europeu — algo que poderá acontecer a 28 de junho, data da próximo reunião do Conselho da Europa.

“A imigração ilegal é um dos desafios da União Europeia e por isso penso que não devemos agir unilateralmente, que não devemos agir sem coordenação e que não devemos agir de tal forma que terceiros possam ser afetados”, disse Angela Merkel.

Por isso, a CDU de Angela Merkel pede ao CSU que espere — algo que o partido da Baviera não parece estar disposto a fazer. “Não podemos esperar eternamente pela Europa. Temos de decidir agora e depressa, de forma independente”, disse Markus Söder, ministro presidente da Baviera e membro do CSU. “O turismo de asilo tem de acabar.”

No seu calendário, a CSU tem as eleições regionais da Baviera, agendadas para 14 de outubro deste ano. As sondagens prevêm uma vitória folgada da CSU, mas ainda assim não tão expressiva como as anteriores. Em 2013, a CSU venceu na Baviera com 47,7% dos votos, seguindo-se o SPD com 20,6%. Agora, a sondagem mais recente prevê uma queda da CSU para 41,1% e do SPD para 13,4%. Em segundo lugar surge o AfD, o partido anti-imigração estreante nas eleições regionais, que a sondagem do Civey coloca em segundo lugar com 13,5%.