Ser campeão do Mundo é o sonho de qualquer seleção presente num Mundial. Ultrapassar a fase de grupos, resistir ao “mata-mata” que se segue e levar a melhor no derradeiro jogo da competição é o que move todo e qualquer jogador na principal prova internacional de seleções. Vencendo a final, está garantido um título: o de campeão do Mundo. E esse, diz a história recente, traz consigo uma maldição.

Olhando para os últimos cinco mundiais disputados, há um padrão pouco favorável a quem festejou quatro anos antes: nas últimas cinco edições da prova, apenas por uma vez o campeão do Mundo em título entrou no torneio a vencer. 

Em 2002, depois de França se sagrar campeã do Mundo em casa, os gauleses viajaram até à Coreia do Sul/Japão, onde se estrearam na prova frente ao Senegal. A estreia foi de má memória para os franceses (tal como todo o Mundial, diga-se) e os campeões do Mundo não foram além da fase de grupos. Melhor sorte teve o Brasil, que se estreou frente à Croácia com uma vitória por 1-0, no Mundial disputado em terras alemãs. A formação brasileira foi, aliás, a única a vencer na jornada inaugural com o estatuto de campeão, já que, quatro anos depois, a Itália (campeã na célebre final que marcou a despedida de Zidane dos relvados) entraria em campo contra o Paraguai e não faria melhor do que uma igualdade a um golo. Mais chocante foi a estreia espanhola no último campeonato do Mundo: pesada derrota por 5-1 às mãos da Holanda, com os nossos vizinhos a ficarem no último posto do seu grupo.

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[Veja no vídeo os golos em 3D da partida entre o México e a Alemanha]

E era com este registo que chegávamos ao jogo entre Alemanha e México, onde os mexicanos levaram a melhor, dando continuidade a uma espécie de maldição sem explicação aparente. Mais difícil ainda de perceber se torna esta derrota alemã aos olhos da história se pensarmos que, nos últimos quatro Mundiais, a formação germânica apontou, nada mais nada menos, do que 20 golos no total das partidas inaugurais.

A contabilidade começa em 2002, com a Alemanha a estrear-se frente à Arábia Saudita com uns claros oito golos sem resposta, antes de bater a Costa Rica por 4-2 no jogo inaugural do campeonato do Mundo de 2006, realizado em terras alemãs. Seguiu-se nova goleada, desta feita frente à Austrália, na primeira partida realizada na África do Sul (4-0), quatro anos antes de atropelar Portugal no Brasil, também por 4-0. Perante o México, foi diferente: os mexicanos controlaram as ofensivas germânicas e responderam da forma mais letal, chegando à vantagem por Lozano na sequência de um contra ataque bem conduzido, mantendo a sua baliza a zeros. 

O rolo compressor alemão nas estreias em Mundiais foi finalmente travado, na edição em que os germânicos defendem o título de campeões. No futebol, tradições e maldições valem o que valem: pouco ou nada. Mas que esta se cumpriu, ninguém pode negar.